A estação televisiva qatari Al-Jazeera condenou a decisão do Governo israelita de encerrar as suas instalações no país e vai contestá-la judicialmente.
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"A Al-Jazeera condena esta medida por parte de um Estado que pretende ser a única democracia do Médio Oriente", declarou um responsável citado pela agência noticiosa francesa AFP, acrescentando que a estação vai contestar na justiça esta medida, que classificou como grave.
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"A Al-Jazeera dará seguimento a este caso por meio dos procedimentos legais e judiciais apropriados", afirmou.
Israel anunciou este domingo a sua intenção de encerrar os escritórios da estação televisiva do Qatar, acusada pelas autoridades de fazer "incitações à violência", anunciou o ministério das Comunicações israelita.
O Governo israelita acusa há vários anos esta estação de televisão de parcialidade na cobertura do conflito que opõe o país aos palestinianos.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou no fim de julho que queria expulsar a Al-Jazeera, acusada de acirrar as tensões em torno dos lugares santos de Jerusalém.
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"Israel sustenta que é o único Estado democrático do Médio Oriente e gaba-se disso, mas segue, de livre vontade, a decisão de países ditatoriais que não reconhecem a liberdade de expressão e a liberdade de informação", sublinhou o responsável da Al-Jazeera, dizendo-se espantado por ver o ministério das Comunicações israelita justificar a decisão contra a sua TV com argumentos utilizados pelos "países do bloqueio, que são a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein e o Egito".
A 5 de junho, estes países cortaram relações diplomáticas com o Qatar, acusando-o de "apoiar o terrorismo" e no ultimato que fizeram ao país para o reatamento de contacto está, entre outras exigências, o encerramento da Al-Jazeera.
O ministro das Comunicações israelita justificou a sua decisão dizendo que "nos últimos tempos, quase todos os países da região, nomeadamente a Arábia Saudita, o Egito e a Jordânia, chegaram à conclusão de que a Al-Jazeera incita ao terrorismo e ao extremismo religioso".
"Seria aberrante, nestas condições, que esta estação continuasse a emitir" a partir de Israel, acrescentou o ministro, Ayub Kara.
O responsável da Al-Jazeera contestou as acusações israelitas de parcialidade na cobertura dos acontecimentos em torno dos lugares santos de Jerusalém. "A nossa cobertura dos acontecimentos nos territórios palestinianos é profissional e objetiva e os israelitas reconheceram-no mais de uma vez, porque nos preocupamos em apresentar as opiniões e os respetivos contraditórios", sustentou.