Em entrevista ao JN, Diana Soller, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais, explica que existem muitos sinais que indicam a possibilidade de a Rússia poder causar um desastre nuclear na maior central nuclear da Europa. A analista esclarece ainda o que Moscovo teria a ganhar com o cenário.
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Volodymyr Zelensky acusa a Rússia de ter armadilhado a central nuclear de Zaporíjia. Este é, desde que as tropas russas estão sediadas no complexo, o momento mais crítico?
Provavelmente. Porque aquilo que está a acontecer, do meu ponto de vista, é a mesma coisa que aconteceu em setembro de 2022. Independentemente do que possa vir a acontecer, e isso ninguém é capaz de prever, a Rússia está preparada para levar a cabo um acidente nuclear. Tivemos a mesma sensação na altura em que a Rússia anexou as quatro províncias (Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson) porque o discurso de Moscovo passou a ser que usaria todos os meios para defender o território nacional. E portanto, nessa altura, houve um momento muito tenso em que acreditámos que havia a possibilidade da Rússia recorrer a armas nucleares táticas, tendo em conta que a guerra estava numa fase em que corria muito mal aos russos, tanto que pouco tempo depois perdeu Kherson. Penso que agora estamos exatamente no mesmo tipo de momento.