Os estudantes sérvios convocaram uma greve geral a nível nacional, enquanto vários milhares de pessoas participavam num dia de protestos contra a corrupção, que se tornaram regulares desde o desabamento fatal de uma estação ferroviária, em novembro.
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“Não comprem nada, não vão trabalhar - juntem-se a nós nas ruas”, exortaram os estudantes, numa mensagem amplamente difundida nas redes sociais.
Quinze pessoas, entre as quais duas crianças, morreram a 01 de novembro, quando a cobertura de betão da estação de Novi Sad, no norte da Sérvia, se desmoronou, pouco depois de três anos de obras de renovação do edifício.
Essa tragédia reacendeu a ira latente no país contra a corrupção e a alegada falta de controlo das grandes obras de construção civil.
Milhares de manifestantes, entre os quais estudantes universitários e alunos do ensino secundário, desfilaram ao longo do dia pelas ruas de Belgrado, depois de terem observado quinze minutos de silêncio ao meio-dia, em homenagem às vítimas da estação.
No entanto, o apelo para a greve parece ter tido um impacto reduzido, com muitos restaurantes e cafés cheios e bastante trânsito a circular.
Entretanto, o presidente russo, Vladimir Putin, manifestou hoje o seu apoio ao homólogo sérvio, Aleksandar Vucic, numa conversa telefónica ao meio-dia.
“Vladimir Putin sublinhou a natureza inaceitável das ingerências externas na situação política interna da Sérvia e expressou o seu apoio às ações das autoridades legalmente eleitas”, segundo um comunicado do Kremlin.
Os estudantes sérvios assumiram a liderança de um movimento de protesto, organizando manifestações quase diárias em todo o país e, de tempos a tempos, grandes comícios e marchas que percorrem dezenas de quilómetros através de aldeias, aumentando a pressão sobre o Governo.
O primeiro-ministro, Milos Vucevic, apresentou no final de janeiro a demissão, que deverá em breve ser formalizada pelo parlamento.
Na anterior convocação de uma greve geral, no fim de janeiro, muitos estabelecimentos comerciais encerraram, bem como cinemas. Muitas pessoas não foram às compras.
Os estudantes fazem questão de se distanciar dos partidos políticos, mas a oposição apoia o seu movimento e apela para a formação de um “Governo de transição”, para organizar “eleições livres”, o que Vucic recusa.
Na terça-feira, os deputados da oposição criaram o caos no parlamento perturbando uma sessão, acendendo foguetes e lançando bombas de fumo. Três deputadas ficaram feridas, uma delas com gravidade.
Desde o fim de novembro que os estudantes vêm bloqueando a maior parte das faculdades públicas do país, paralisando o ensino. Um elevado número de escolas primárias e secundárias está igualmente encerrado.
O presidente Vucic tem oscilado entre apelos para negociações com os estudantes e alegações de que a Sérvia está a enfrentar uma “tentativa de revolução colorida”, orquestrada por “agentes estrangeiros” de “países ocidentais”.