Eurodeputada Isabel Santos: “Não se consegue travar pessoas em desespero”
A eurodeputada Isabel Santos esteve, no sábado, na ilha de Lampedusa, onde visitou o centro de acolhimento de migrantes e esteve à conversa com a comunidade local. Em entrevista ao JN, criticou o novo acordo entre a União Europeia e a Tunísia para travar a onda migratória e não poupou nas farpas a Giorgia Meloni.
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Como descreve o ambiente vivido no centro de acolhimento de migrantes em Lampedusa?
No sábado, o ambiente era bastante normal. Não foi a primeira vez que lá fui e já me deparei com situações em que o centro estava a abarrotar, mas a situação, desta vez, era tranquila, já que só lá estavam alojados cerca de 180 migrantes. Este cenário é muito diferente da situação de emergência que o espaço enfrentou há algumas semanas, quando, de repente, se juntaram cerca de sete mil pessoas no centro. No entanto, há algo muito importante a sublinhar: os habitantes de Lampedusa, como é sua tradição há mais de 30 anos, porque desde os anos 90 que foram chegando várias vagas de migrantes e refugiados, mais uma vez responderam com grande solidariedade. Responderam preparando refeições e prestando os primeiros cuidados àqueles que tinham chegado e que necessitavam de ajuda, não estando a ilha preparada. Tive oportunidade de conversar com representantes dos pescadores, representantes dos investidores na área de turismo e outros setores de atividade, como é o caso de organizações não-governamentais, e ouvi um discurso muito diferente daquele que é proferido pela senhora Giorgia Meloni, que dá a ideia de que o país está a ser invadido. A população apresentou um discurso de grande compreensão do fenómeno migratório, apenas pedem que sejam estruturadas respostas. Porque, dez anos após o grande naufrágio ao largo de Lampedusa, em que morreram 368 pessoas, a comunidade não desistiu de ajudar, mas precisa de respostas urgentes.