Um ex-fuzileiro norte-americano foi esta segunda-feira absolvido num julgamento em que estava acusado de ter estrangulado até à morte um sem-abrigo em 2023, em Nova Iorque.
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Daniel Penny, 26 anos, antigo fuzileiro da Marinha norte-americana, foi absolvido do crime de homicídio por negligência criminosa por um júri que considerou que o comportamento dele não foi criminoso quando estrangulou um passageiro sem-abrigo, Jordan Neely, de 30 anos, a 01 de maio de 2023 numa carruagem no metro de Nova Iorque.
Enquanto decorria a sessão para se saber o veredicto, decorreram duas manifestações à porta do tribunal, uma a favor de Daniel Penny e outra em defesa de Jordan Neely, e que obrigaram a intervenção policial, atestando "um caso que dividiu os nova-iorquinos e o país", como escreveu hoje o jornal The New York Times.
"Este caso amplifica muitas das questões fraturantes dos americanos, nomeadamente sobre raça, política, crime, vida urbana, doenças mentais e condição de sem abrigo. Neely era negro. Penny é branco", relatou a agência noticiosa Associated Press (AP).
Segundo a AP, Jordan Neely teve uma história de vida trágica: Foi diagnosticado com depressão e esquizofrenia, numa condição mental que se agravou depois do assassinato da mãe quando ele era adolescente. Quando ele morreu foi detetada a presença de uma droga sintética no corpo.
Vivendo numa situação de sem abrigo, Jordan Neely atuava ocasionalmente nas estações de metro de Nova Iorque e, a 01 de maio de 2023, testemunhas dizem que atirou o casaco ao chão e declarou que tinha fome, sede e que não se importaria de ser detido ou de morrer.
Jordan Neely não estava armado, mas alguns passageiros disseram que ele tentou atacar ou ameaçar outras pessoas, tendo Daniel Penny agarrado nele pelo pescoço, pelas costas, e deitado ao chão. Depois da morte de Neely surgiram vídeos dos seis minutos em que Daniel Penny o manteve estrangulado.
Daniel Penny terá dito às autoridades que só o segurou pelo pescoço para evitar que ameaçasse os passageiros e que a situação escalasse até à chegada da polícia; e negou qualquer intenção de o magoar Jordan Neely.
A acusação contra Daniel Penny chegou a incluir o crime de homicídio involuntário em segundo grau, que acabou por cair por decisão do juiz, mantendo-se o de homicídio por negligência criminosa, que poderia levar a uma pena máxima de quatro anos de prisão.
O júri decidiu-se pela absolvição. Daniel Penny enfrenta ainda uma queixa por agressão, que originou a morte de Jordan Neely, interposta na semana passada pelo pai da vítima.