A Polícia Federal (P) brasileira inquiriu, nesta sexta-feira, durante cinco horas, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Gonçalves Dias, que se demitiu após a divulgação de imagens alegadamente ao lado de invasores do Palácio do Planalto, em 8 de janeiro, nos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília.
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À saída, o general disse aos jornalistas que o depoimento foi uma "grande oportunidade para esclarecer os factos que têm sido explorados na imprensa" e que estava a desalojar os invasores dos terceiro e quarto andares do Palácio para serem detidos no segundo.
"A imprensa divulgou gravíssimas imagens que indicam a atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, inclusive com a ilícita e conveniente omissão de diversos agentes do GSI", diz o despacho do juiz Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), que dirige o inquérito ao golpe e mandou a PF ouvir Dias.
Nos vídeos do circuito interno, divulgadas pela CNN Brasil, vê-se circular entre os invasores o ministro do GSI, responsável por coordenar os serviços de informações do Governo, cabendo-lhe analisar o potencial de risco para a estabilidade institucional, assegurar a segurança do presidente e prevenir crises.
Gonçalves Dias, 73 anos, é tido como homem da confiança do presidente, tendo sido o responsável pela segurança de Lula da Silva nos dois mandatos anteriores.
Água para invasores
Num vídeo, um dos elementos do GSI é visto a oferecer água a invasores. Trata-se do major Natale Pereira, coordenador da segurança das instalações presidenciais, que fez parte da equipa de deslocações do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em nota, o GSI assegurou que os vídeos mostram a atuação dos agentes de segurança para evacuar o quarto e o terceiro pisos do Palácio, concentrando os invasores no segundo andar, onde, após a chegada de reforços da Polícia Militar do Distrito Federal, os golpistas foram presos.
"Quanto às afirmações de que agentes do GSI teriam colaborado com os invasores", afirma que "as condutas dos agentes públicos envolvidos estão a ser apuradas em sede de sindicância investigativa".
O STF pediu ao ministro interino do GSI, Ricardo Capelli, que identifique os funcionários civis e militares das imagens. Capelli, secretário executivo do Ministério da Justiça, foi o incumbido pelo Governo, em janeiro, de dirigir a segurança de Brasília face à ineficácia da autoridade do Distrito Federal.
No poder discute-se o futuro do GSI, que o presidente Lula mandou renovar. A corrente "civil" aponta o afastamento de militares, opção que tem a discordância do ministro da Defesa, José Múcio.