O ex-presidente sul-africano, Thabo Mbeki, questionou este domingo se a atual liderança do país tem um comportamento consistente com os valores defendidos por Nelson Mandela, colocando publicamente em causa os seus colegas de partido, o ANC.
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"Eu acho que para celebrar devidamente a sua vida, é preciso fazer uma pergunta sobre a qualidade dos nossos líderes", disse Mbeki, durante uma cerimónia de oração na sinagoga Oxford, em Joanesburgo, segundo noticiou a agência de notícias francesa AFP.
E reforçou: "Até que ponto estamos a seguir os critérios que eles (Nelson Mandela e sua geração) estabeleceram sobre a liderança de qualidade".
Mbeki sucedeu a Mandela como líder do país em 1999, antes de ser deposto em 2008 pelo atual chefe de Estado Jacob Zuma.
De acordo com Mbeki, o ideal de transformar a África do Sul numa sociedade de liberdade, justiça e igualdade, foi "em muitos aspetos, mais difícil do que a luta para acabar com o sistema de 'apartheid' (segregação racial)".
A questão da liderança "torna-se muito mais importante, muito mais complexa, no contexto do que resta a ser feito" na atualidade, disse o ex-presidente.
Os sul-africanos precisam questionar a sua lealdade para com os valores de Mandela e sua geração, frisou Mbeki, considerando que qualquer que seja a classe social, tudo o que é feito na política, negócios, sindicatos e empresas, deve incorporar as qualidades de liderança de Mandela.
"Ao celebrarmos a vida de Mandela, devemos pensar sobre o que precisa ser feito para manter o legado de Mandela, para garantir que não será traído tudo pelo que ele e outros se sacrificaram", assinalou.
A atual liderança do Congresso Nacional Africano (ANC), liderado no passado por Mandela e Mbeki, é cada vez mais criticada, entre acusações de nepotismo e corrupção.
O presidente Zuma é acusado de ter utilizado mais de 200 milhões de rands (14,5 milhões de euros) de dinheiros públicos para obras de melhoria na sua residência privada.