A família búlgara de Maria, a criança loura de ascendência cigana encontrada num acampamento na Grécia na passada semana, quer a menina de volta, mas teme que esta lhes seja retirada pelos serviços sociais.
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"Deem-nos a Maria! Nós levamo-la para casa e partilharemos o nosso pão com ela. Não a abandonaremos por nada deste mundo", disse à agência francesa AFP a sua irmã mais velha Katia Ruseva, de 20 anos, que vive na cidade búlgara de Gurkovo com o marido e dois filhos.
Katia Ruseva contou ainda que costuma tomar conta dos seus oito irmãos, quando os pais trabalhavam na Grécia, e que quando estes regressaram à Bulgária, a mãe de Katia revelou ter deixado para trás uma bebé - Maria -, por não ter dinheiro para pagar pelo seu passaporte.
Depois de ter sido encontrada a viver num acampamento cigano na Grécia, a 16 de outubro, o cabelo louro e olhos verdes de Maria foram difundidos em canais de televisão de todo o mundo, transformando-a numa esperança para milhares de pais ocidentais cujos filhos desapareceram.
No entanto, na sexta-feira, testes de ADN confirmaram que Maria é filha do casal cigano búlgaro indicado pelos pais adotivos como sendo o pai e a mãe biológicos.
O casal de pais adotivos da criança foi detido pela polícia helénica, suspeito de a ter comprado por 4.000 euros.
De acordo com o casal grego, Maria ter-lhes-á sido entregue em março por uma mulher cigana, quando a criança tinha apenas semanas de vida.
A mulher tentou, sem êxito, registar a bebé como filha.
A adoção privada é legal na Grécia desde que não envolva dinheiro.
As autoridades gregas elevaram o controlo de casos envolvendo crianças ciganas depois da descoberta de uma misteriosa criança loira de olhos azuis, Maria, a viver com um casal cigano, entretanto acusado de a ter raptado.
O Supremo Tribunal da Grécia ordenou uma avaliação de todos os registos de recém-nascidos, depois de o caso de Maria ter exposto falhas no registo de crianças.
Os falsos pais de Maria, detidos na semana passada, terão declarado um total de 14 crianças à assistência social para receber apoios.
A AFP avançou ainda que Sasha Ruseva e Atanas Rusev, pais biológicos da criança, assim como três dos seus filhos, não são vistos na sua residência, na cidade de Nikolaevo, desde sexta-feira de manhã.
A polícia informou que o casal não se encontra detido e que está ainda na Bulgária.