Familiares de reféns criticam primeiro-ministro israelita por contradições sobre acordo
Vários familiares de reféns raptados pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) durante os ataques de outubro de 2023 em Israel acusaram o primeiro-ministro israelita de lhes dar versões contraditórias sobre um possível acordo de libertação.
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Dani Miran, cujo filho Omri Miran continua raptado na Faixa de Gaza, salientou que Benjamin Netanyahu indicou, numa primeira reunião com o Fórum das Famílias dos Reféns - o principal grupo que reúne os familiares dos raptados -, que um alegado acordo com o grupo islamita palestiniano estava a "fermentar".
Posteriormente, o primeiro-ministro realizou uma segunda reunião com o grupo Fórum Tikva, que representa uma minoria de familiares que têm apoiado a gestão do Governo relativamente à guerra e à libertação dos reféns.
Segundo Miran, que teve presentes na reunião dois dos seus filhos, Netanyahu afirmou que, "neste momento, não há qualquer acordo em cima da mesa".
Tal como este pai, outros familiares têm criticado a inação das autoridades israelitas e a falta de vontade de chegar a um acordo que facilite o regresso dos reféns a casa, mais de 14 meses depois do ataque em que o Hamas fez cerca de 250 reféns.
Netanyahu negou ter dado versões contraditórias e acusou alguns familiares de mentirem por "não quererem ouvir a verdade" do que está a acontecer, indicou um porta-voz do gabinete do primeiro-ministro.
Os familiares das vítimas têm rejeitado repetidamente as políticas do Governo relativamente a esta questão e realizam protestos contra Netanyahu há mais de um ano.
Em setembro passado, o grupo de famílias rejeitou a nomeação de Guideon Saar como novo ministro da Defesa israelita, alegando que iria "negligenciar os reféns", adotando uma mão excessivamente pesada na gestão do assunto.
Segundo as famílias, Saar manifestou-se por diversas vezes, "de forma clara e pública" contra a obtenção de um acordo com o Hamas, acreditando que entrar em negociações com a milícia palestiniana implicaria ceder às suas exigências.
O grupo de familiares insistiu que a operação militar na Faixa de Gaza, que já fez mais de 44.800 mortos até à data, provocou a morte de "dezenas de reféns".
A guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque de grandes proporções e sem precedentes, realizado a 7 de outubro do ano passado pelo movimento islamita palestiniano contra Israel.
Cerca de 1200 pessoas, a maioria das quais civis, foram mortas neste ataque, de acordo com números oficiais israelitas, e cerca de 250 pessoas foram levadas à força para Gaza, das quais cerca de 100 já foram libertadas, a maioria durante um cessar-fogo de uma semana em novembro de 2023.
Após o ataque, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e tem bombardeado regularmente o enclave palestiniano, além de ter bloqueado o acesso a bens essenciais como água, medicamentos e combustível.