Famoso poeta palestiniano detido pelas forças de Israel quando tentava sair de Gaza
Mosab Abu Toha, um prestigiado poeta e escritor palestiniano, terá sido detido pelas autoridades israelitas quando tentava atravessar a passagem de Rafah, no Sul da Faixa de Gaza, para chegar ao Egito. Paradeiro do autor é desconhecido.
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O premiado poeta e escritor palestiniano Mosab Abu Toha, que está na casa dos 30 anos, terá sido detido pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) quando se deslocava do Norte para o Sul da Faixa de Gaza, com o intuito de atravessar a passagem de Rafah, em direção ao Egito. O autor terá conseguido uma autorização prévia para fazer a travessia com a família, uma vez que o filho tem cidadania norte-americana, relata o jornal "The Guardian". No entanto, nem tudo terá corrido como planeado.
De acordo com a família e os amigos, Mosab - que tentava abandonar Gaza há várias semanas - terá sido detido durante o percurso que fazia a caminho do Sul do enclave, tendo sido intercetado num cheackpoint controlado pelas autoridades israelitas. O poeta, tal como outros palestinianos que se encontravam no ponto de controlo, terá sido levado pelas forças do Estado hebraico, sendo que o seu paradeiro continua desconhecido.
"O Exército [israelita] levou Mosab assim que ele chegou ao posto de controlo, partindo do Norte para Sul. A embaixada norte-americana autorizou Mosab e a família a passarem pela travessia de Rafah", escreveu o irmão do poeta, nas redes sociais, adiantando que desconhece a localização do autor, que frequentemente publica artigos, poemas, contos e ensaios no jornal norte-americano "The New York Times" e na revista "New Yorker".
Uma amiga de Mosab, Diana Buttu, advogada e ex-porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina, explicou ao diário britânico que a saída do filho do autor do território estava prevista há algumas semanas, contudo, "o nome de Mosab não estava na lista", o que a leva a crer que o escritor estaria à espera "para sair quando fosse seguro".
"Sinto que estou numa jaula"
Em reação à suposta prisão, a associação de internacional de autores PEN International admitiu estar “profundamente preocupada” com a situação do poeta e pediu que sejam apresentadas explicações. “Juntamo-nos às vozes que exigem saber o seu paradeiro e as razões para a sua detenção”, pode ler-se numa publicação na rede social X.
Ao jornal "The Washington Post", um porta-voz das FDI informou, sem dar mais detalhes, que as autoridades estão a investigar os contornos do caso. Já um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA referiu que não tinha nenhuma informação sobre a alegada detenção de Mosab.
Nas últimas semanas, Mosab, que estava no campo de refugiados de Jabalia, no Norte de Gaza, vinha a escrever diversas crónicas na "New Yorker" sobre a experiência na guerra. "Sento-me na minha casa temporária no campo de Jabalia, à espera de um cessar-fogo. Sinto que estou numa jaula. Estou a ser morto todos os dias com o meu povo. As duas únicas coisas que posso fazer são entrar em pânico e respirar. Não há esperança aqui", descreveu, num relato na primeira pessoa publicado na revista.
Mosab, que há poucos anos regressou a casa depois de concluir uma pós-graduação nos EUA, tem sido premiado pelo trabalho que tem vindo a realizar, sendo que, este ano, foi nomeado finalista do prémio de poesia do National Book Critics Circle. O escritor também ganhou reconhecimento depois de ter fundado a Biblioteca Pública Edward Said, a única em língua inglesa na Faixa de Gaza.