O Hamas assinou um acordo em Pequim com outras organizações palestinianas, incluindo a rival Fatah, para trabalharem em conjunto em prol da “unidade nacional”, tendo a China descrito o acordo como um acordo para governar Gaza em conjunto quando a guerra terminar.
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O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, anfitrião do encontro que incluiu Musa Abu Marzuk, do Hamas, o enviado da Fatah, Mahmud al-Aloul, e emissários de 12 outros grupos palestinianos, disse que tinham concordado em criar um “governo provisório de reconciliação nacional” para governar a Faixa de Gaza no pós-guerra.
“Hoje assinámos um acordo de unidade nacional e afirmamos que o caminho para concluir esta viagem é a unidade nacional. Estamos empenhados na unidade nacional”, disse Abu Marzuk depois de se ter reunido com Wang e os outros enviados.
No final da reunião desta terça-feira em Pequim, o ministro chinês afirmou que os grupos se tinham comprometido com a reconciliação entre as fações mais importantes da Palestina. “O mais importante é o acordo para a formação de um governo provisório de reconciliação nacional em torno da governação da Faixa de Gaza pós-guerra”, disse Wang, depois de assinada a "declaração de Pequim" na capital chinesa.
“A reconciliação é uma questão interna das fações palestinianas, mas, ao mesmo tempo, não pode ser alcançada sem o apoio da comunidade internacional”, disse Wang.
Mahmoud al-Aloul, responsável da Fatah, agradeceu à China o seu “apoio sem fim” à causa palestiniana e afirmou que o país tem o "amor" e "amizade de todo o povo palestiniano". Na reunião de terça-feira estiveram também presentes enviados do Egipto, da Argélia e da Rússia.
Israel critica Fatah pelo acordo com o Hamas
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, criticou hoje a Fatah do Presidente palestiniano Mahmoud Abbas por ter assinado em Pequim um acordo para o pós-guerra com o grupo islamita Hamas.
"O Hamas e a Fatah assinaram um acordo na China para o controlo conjunto de Gaza após a guerra. Em vez de rejeitar o terrorismo, Mahmoud Abbas abraça os assassinos e violadores do Hamas, revelando assim a verdadeira face", afirmou Katz em comunicado.
"Na realidade, isso não vai acontecer, porque o Hamas vai ser esmagado e Abbas vai ficar a observar Gaza à distância", acrescentou.
Guerra sangrenta dura há mais de nove meses
O anúncio surge após mais de nove meses de uma guerra desencadeada pelo ataque do Hamas ao sul de Israel em outubro, que causou a morte de 1.197 pessoas, na sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados israelitas. Os militantes também capturaram 251 reféns, 116 dos quais ainda se encontram em Gaza, incluindo 44 que o exército israelita diz estarem mortos.
A campanha militar de retaliação de Israel em Gaza matou mais de 39 mil pessoas, também na sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, dirigida pelo Hamas.
A China tem procurado desempenhar um papel de mediador no conflito, que se tornou ainda mais complexo devido à intensa rivalidade entre o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, e a Fatah, que governa parcialmente a Cisjordânia ocupada. Israel prometeu continuar a lutar até destruir o Hamas, e as potências mundiais, incluindo o principal apoiante israelita, os Estados Unidos, têm-se esforçado por imaginar cenários para a governação de Gaza quando a guerra terminar.
Nem Israel nem os Estados Unidos sancionariam qualquer plano pós-guerra que incluísse o Hamas, que está proscrito como organização terrorista por Washington. Embora não seja claro se o acordo anunciado em Pequim na terça-feira pode ser mantido, ele indica que a única potência mundial que pode engendrar uma aproximação entre os rivais palestinianos é a China.