
Ana Corina Sosa Machado, filha de María Corina Machado
Foto: Carlos Lemos/EPA
A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, será representada, esta quarta-feira, em Oslo, na cerimónia de entrega do Prémio Nobel da Paz que recebeu, pela filha, Ana Corina Sosa Machado, anunciou o diretor do Instituto Nobel norueguês.
"Será a sua filha, Ana Corina Machado, que receberá o prémio em nome da mãe", declarou Kristian Berg Harpviken ao microfone da rádio norueguesa NRK. "Será a filha que proferirá o discurso que a própria Maria Corina escreveu", acrescentou.
Harpviken disse ainda não saber onde se encontra atualmente Maria Corina Machado, que não participará na cerimónia de entrega do Prémio Nobel da Paz que lhe foi atribuído este ano. "Simplesmente não sei onde ela está exatamente", disse Harpviken à NRK, explicando que poucas pessoas sabem onde e como ela se desloca, devido à natureza repressiva do regime de Nicolás Maduro.
A irmã da opositora venezuelana, Clara Machado Parisca, afirmou na terça-feira à rádio colombiana Blu Radio que o "desejo" de Corina Machado era deslocar-se a Oslo, para receber o Nobel, mas escusou-se a garantir a sua presença na cerimónia de hoje na capital norueguesa. "O desejo dela é estar aqui e receber o prémio. É o que posso dizer neste momento. Não sei mais nada", disse.
A própria María Corina Machado tinha previsto dar uma conferência de imprensa na terça-feira no Instituto Nobel de Oslo às 13 horas, hora local (12 horas em Portugal continental), que começou por ser adiada e depois acabou por não acontecer, sem quaisquer explicações por parte do instituto.
Em Oslo, segundo a agência EFE, encontram-se já a mãe da opositora, Corina Parisca, a irmã e a sua filha, Ana Corina Sosa, que estará acompanhada na cerimónia pelos dois irmãos.
Esta não é a primeira vez que um vencedor do Prémio Nobel da Paz não comparece para recebê-lo no dia da entrega. Quando o chinês Liu Xiaobo, então preso, ganhou o Prémio Nobel da Paz em 2010, ninguém compareceu para receber o prémio. Uma foto sua foi colocada numa cadeira a ele destinada, e a atriz norueguesa Liv Ullmann leu o discurso de aceitação.
Em 2022, por outro lado, o bielorrusso Ales Bialiatski, um dos três vencedores do Nobel desse ano e que permanecia na prisão, foi representado pela esposa, Natallia Pinchuk. E quando a iraniana Narges Mohammadi, também presa, recebeu o prémio em 2023, foram os seus filhos que viajaram a Oslo para receber o prémio e ler o discurso.
Além dos filhos de Machado, várias figuras proeminentes da oposição venezuelana estarão em Oslo. Entre estas, Edmundo González Urrutia, candidato nas eleições presidenciais do ano passado e exilado em Espanha desde setembro de 2024, que viajou na terça-feira para a capital norueguesa, marcará presença na cerimónia.
Também já se encontram na capital norueguesa, a convite da premiada, os presidentes do Panamá, José Raúl Mulino, e da Argentina, Javier Milei, e espera-se também a chegada do chefe de Estado do Paraguai, Santiago Peña, bem como do Equador, Daniel Noboa.
Os quatro presidentes latino-americanos serão recebidos hoje em audiência pelo rei da Noruega, Harald V, depois da cerimónia de entrega do prémio, e em seguida deverão reunir-se separadamente com o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre.
