Marinha israelita preparada para intercetar flotilha humanitária a caminho de Gaza
A Marinha israelita está pronta para intercetar a Flotilha Global Sumud, composta por mais de 50 embarcações com destino a Gaza e que entrará em breve numa zona de risco, informaram hoje fontes militares à estação pública israelita Kan.
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Segundo as mesmas fontes, a operação contará com a participação da unidade especial "Shayetet 13", encarregada de assumir o controlo das embarcações que integram a flotilha humanitária em alto mar, dentro da área de interceção do exército israelita.
A Marinha planeia transferir os ativistas para um grande navio militar e rebocar as embarcações para o porto de Ashdod, com a possibilidade de algumas serem afundadas no mar, indicaram as mesmas fontes.
Israel tem reiterado que não permitirá a entrada da flotilha nas águas de Gaza, mantendo o bloqueio imposto ao enclave palestiniano.
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O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, revelou hoje ter pedido ao homólogo israelita, Gideon Sa"ar, para que não recorresse à violência contra os cidadãos italianos que integram a flotilha.
"Não estão ali com intenções bélicas. Devemos evitar absolutamente qualquer problema com quem quer que seja", afirmou o chefe da diplomacia italiana, sublinhando que a missão visa levar ajuda humanitária e não representa uma ameaça militar.
A flotilha humanitária, composta por cerca de 50 embarcações (incluindo uma com bandeira portuguesa), partiu recentemente com o objetivo de romper o bloqueio israelita e entregar mantimentos à Faixa de Gaza, iniciativa rejeitada por Telavive que argumenta que a ação é apoiada pelo grupo extremista palestiniano Hamas.
A Flotilha Global Sumud vai entrar hoje à noite na zona de risco israelita, e encontrava-se, ao fim da manhã, a 200 milhas náuticas (cerca de 370 quilómetros) da costa de Gaza, indicou Tony La Piccirella, um dos ativistas italianos que integra a flotilha, citado pelas agências internacionais.
Nas mesmas declarações, La Piccirella disse que as embarcações não vão parar.
Na semana passada, Israel assegurou que "tomará as medidas necessárias" para deter a flotilha.
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Entre os participantes de mais de 40 nacionalidades constam três portugueses: a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício.
A Flotilha Global Sumud é considerada a maior flotilha organizada até ao momento.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 66 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 400 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.