Protestos na Cisjordânia contra Israel ocorreram este domingo, no mesmo dia em que cresce pressão internacional sobre o Hamas.
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A insuficiente quantidade de ajuda humanitária que entra numa Faixa de Gaza bloqueada por Israel continua a vitimar palestinianos, com mais de 170 mortes por inanição, afetando também os reféns israelitas. Manifestantes protestaram contra a situação no enclave, enquanto diversos países condenaram a divulgação de vídeos pelos islamitas do Hamas e da Jihad Islâmica que mostram como estão as pessoas raptadas no dia 7 de outubro de 2023.
Em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, manifestantes carregavam fotos de pessoas mortas ou detidas por Israel, bem como imagens da fome em Gaza. Alguns vestiram-se de esqueletos e levavam bonecos para simbolizar as crianças do território no Mediterrâneo, onde mais seis pessoas morreram de inanição este domingo, num total de 175 mortes.
A dor da fome não é incomum também neste lado da Palestina, com a escritora Rula Ghanem a relatar à agência France-Presse que o filho, sob custódia israelita, já perdeu dez quilos e tem sarna. "O meu filho está na prisão de Megido e sofre com muitas coisas, como a falta de medicamentos e de alimentos", acrescentou.
"Esperamos que a nossa posição hoje tenha impacto no apoio ao nosso povo em Gaza e às crianças famintas em Gaza", sublinhou Tagreed Ziada. Protestos foram registados ainda em Nablus, no Norte, e em Hebron, no Sul.
Vídeos dos reféns
Vários países demonstraram indignação após o Hamas e a Jihad Islâmica terem publicado vídeos dos reféns Rom Braslavski e Evyatar David desnutridos. A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, condenou a "barbárie" e insistiu na deposição de armas dos islamitas. O chanceler alemão, Friedrich Merz, frisou que "o Hamas já não deve desempenhar um papel no futuro de Gaza". O líder francês, Emmanuel Macron, afirmou que o grupo representa a "desumanidade sem limites" e a "crueldade abjeta".
A ação dos militantes deixou em "profundo choque" o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que apelou ao Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) a ajudar a chegar alimentos aos reféns. O pedido ocorre horas após o Crescente Vermelho, braço do CICV nos países islâmicos, informar que um funcionário foi morto e outros três ficaram feridos num ataque hebraico que provocou um incêndio no escritório da organização em Khan Younis, no Sul de Gaza.
O Hamas disse que aceitará que a entrega de alimentos e medicamentos aos reféns caso sejam abertos corredores humanitários no enclave. "[O Hamas] não deixa os prisioneiros passarem fome intencionalmente, mas eles comem a mesma comida que os nossos combatentes e o público em geral comem. Não receberão nenhum privilégio especial no meio do crime de fome e cerco", escreveram as Brigadas Al-Qassam, braço armado dos islamitas.