Imprensa israelita indica, citando fonte do gabinete do primeiro-ministro, que operações serão expandidas para áreas até agora evitadas, onde são mantidos os reféns
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O chefe de Governo israelita, Benjamin Netanyahu, vai reunir o seu gabinete de segurança esta semana para definir os próximos passos de Israel em Gaza, após o fracasso das negociações indiretas de cessar-fogo com o Hamas, que decorreram em Doha, no Catar. Segundo o jornal "The Jerusalem Post", que cita uma fonte do gabinete do primeiro-ministro, Netanyahu tomou a decisão de ocupar totalmente a Faixa de Gaza, expandindo as operações militares para áreas até agora contornadas pelas forças israelitas, onde alegadamente se encontram os reféns ainda nas mãos do Hamas.
De acordo com o mesmo jornal, o gabinete do primeiro-ministro transmitiu a mensagem ao chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (FDI), o tenente-general Eyal Zamir, declarando: "Se isto não lhe convém, então deve demitir-se". Também a estação israelita Channel 12 citou esta segunda-feira um alto responsável do gabinete de Netanyahu, referindo que este está decidido a ampliar a ofensiva e tomar todo o enclave palestiniano.
O anúncio surge depois de meses de negociações indiretas falhadas, em Doha, entre Israel e o Hamas, através de mediadores cataris e egípcios, para alcançar um acordo de cessar-fogo - tendo por base uma proposta dos EUA de 60 dias de trégua - e a libertação de reféns e de prisioneiros palestinianos que se encontram nas prisões israelitas.
Segundo a agência Reuters, o ministro israelita das Finanças, Bezalel Smotrich, e o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, pretendem que Israel imponha um regime militar em Gaza antes de anexar o enclave e restabelecer os colonatos judaicos. De acordo com a mesma agência, que cita duas autoridades de Defesa, o exército israelita, que tem rejeitado estes planos, deverá apresentar esta terça-feira alternativas que incluem a expansão para zonas de Gaza onde ainda não operou. Enquanto alguns na liderança política pressionam para a expansão da ofensiva, os militares temem que isso ponha em risco os 20 reféns que ainda estão vivos, segundo as mesmas fontes.
A Rádio do Exército de Israel noticiou hoje que o chefe militar Eyal Zamir está cada vez mais frustrado com o que descreve como uma falta de clareza estratégica por parte da liderança política, temendo ser arrastado para uma guerra de atrito com os militantes do Hamas.
Já um porta-voz das FDI não quis comentar a notícia, declarando apenas que os militares têm planos em mente. "Temos diferentes formas de combater a organização terrorista [Hamas], e é isso que o exército faz", referiu o tenente-coronel Nadav Shoshani.
Ex-oficiais fazem apelo
Cerca de 600 ex-oficiais de segurança israelitas, incluindo ex-chefes da Mossad e das Forças Armadas, apelaram ao presidente Donald Trump, numa carta aberta, para que pressione Israel a pôr fim à guerra em Gaza, considerando ser essa a única forma de salvar os reféns ainda detidos pelo Hamas.
"A sua credibilidade junto da vasta maioria dos israelitas aumenta a sua capacidade de orientar o primeiro-ministro Netanyahu e o seu Governo na direção certa: acabar com a guerra, devolver os reféns, acabar com o sofrimento", escreveram os ex-oficiais, que consideram ainda que o Hamas já não representa uma ameaça estratégica para Israel.
A carta surge numa altura em que aumenta a pressão na sociedade israelita para que o Executivo de Netanyahu ponha termo ao conflito.