As forças antigovernamentais na Ucrânia ganharam, esta quarta-feira, terreno com a ocupação de uma localidade 30 quilómetros a sudeste de Donetsk, forçando os militares do exército ucraniano a uma retirada de emergência.
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Segundo habitantes locais, as tropas partiram na segunda-feira, após o início de um bombardeamento vindo "da fronteira com a Rússia", a cerca de 30 quilómetros da cidade de Starobesheve.
Um grupo de "militantes e ocupantes russos" terão tomado controlo de Starobesheve e dos veículos e munições - deixados para trás pelo exército ucraniano na debandada -, bem como de um conjunto de aldeias perto de Novoazovskm, uma vila perto do Mar de Azov, onde os confrontos se prolongam há dias.
Depois de algumas semanas de sucessivas operações militares, as forças governamentais reduziram o contingente pró-russo aos seus últimos bastiões.
Mas a repressão parece estar a ter o efeito contrário no quarto mês de conflito, o que já levou o governo de Kiev a pedir ajuda à NATO.
O governo ucraniano reportou a morte de 13 soldados nas últimas 24 horas, aos quais se juntam os, pelo menos, três civis mortos após o carro onde seguiam ter sido atingido por um disparo de artilharia, em Donetsk.
No parlamento ucraniano, afirmou-se que o exército russo montou um acampamento na cidade de Pobeda, a 50 quilómetros de Donetsk.
Os jornalistas em Donetsk afirmam que não há sinal das tropas governamentais na cidade.
As notícias surgem após o primeiro encontro entre os presidentes da Ucrânia, Petro Porochenko e da Rússia, Vladimir Putin, que apertaram as mãos, na terça-feira, em Minsk, Bielorrússia, para pôr termo a um conflito que já matou mais de 2,200 pessoas, mas não chegaram a nenhum avanço em concreto.
Por um lado, o presidente ucraniano defendia que ele e Putin discutiram "a necessidade de fechar as fronteiras da Ucrânia", de forma a prevenir a entrada de "equipamento, mercenários e munições" no país.
Por seu lado, o presidente russo declarou que "não pode discutir qualquer condição para o cessar-fogo" pois o conflito ucraniano é um "conflito interno", afastando a ligação russa.
Questionado acerca dos paramilitares russos capturados em território ucraniano, Putin defendeu que "atravessaram a fronteira por acidente".
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, garantiu "não estar interessado em desmantelar" aquele país, salientando que respeita os referendos de maio, a respeito da anexação da Crimeia e das declarações de independência das zonas de Lugansk e Donetsk.
Lavrov confirmou ainda o envio de uma segunda coluna humanitária "num futuro próximo".
O primeiro-ministro ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, afirmou que é "altura de a NATO agir", uma semana antes do encontro da Aliança Atlântica, em Gales.
"Esperamos que os nossos parceiros do Ocidente e a Aliança nos providenciem ajuda prática e se tomem decisões cruciais no encontro de Setembro", disse Yatsenyuk.
As conversações entre Porochenko e o seu homólogo norte-americano, Barack Obama, também estão previstas para o encontro.
A Rússia opõe-se ao estreitamento de laços entre a Ucrânia e a NATO e pensa-se que a preocupação sobre a aproximação de Kiev à aliança de segurança europeia esteja por de trás das ações russas nos últimos meses.
O secretário-geral da NATO, Anders Rasmussen, disse numa entrevista publicada hoje que a Aliança está a preparar uma unidade especificamente preparada para colocar rapidamente tropas no leste da Europa.
Rasmussen apontou ainda o dedo às concentrações de tropas russas junto à fronteira e acusou a Rússia de ter violado a soberania ucraniana ao enviar a comitiva de apoio na semana passada