O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, afirmou, esta terça-feira, que sanções contra a Rússia podem ser impostas ainda esta semana se Moscovo não responder às propostas do Ocidente para resolver a crise na Ucrânia.
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"Nós enviamos por intermédio [do secretário de Estado norte-americano], John Kerry, uma proposta aos russos", disse o chefe da diplomacia francesa à rádio France-Inter, indicando que ainda não chegou uma resposta.
"Eles ainda não responderam. Se responderem afirmativamente John Kerry deslocar-se-à a Moscovo e, nessa altura, as sanções não serão imediatas. Se ele não responder ou responder negativamente, haverá uma série de sanções que poderão vir a ser aplicadas ainda mesmo durante esta semana", realçou Laurent Fabius.
Na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, declarou que a Rússia rejeita o princípio do facto consumado que os ocidentais querem impor sobre a Ucrânia e vai apresentar propostas próprias para solucionar a crise.
"Nós preparámos as nossas próprias propostas. Elas visam repor a situação no âmbito do direito internacional, tendo em conta os interesses de todos os ucranianos, sem exceção", declarou Lavrov, citado pela agência russa Itar-Tass.
Indicando que as propostas transmitidas por John Kerry não tinham agradado a Moscovo, o chefe da diplomacia russa afastou a ideia da criação de um grupo de contacto, a que tinham instado a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente norte-americano, Barack Obama.
"Encontrámos [nas propostas enviadas a Moscovo] uma conceção que não parece convir-nos verdadeiramente, porque tudo quanto aí está formulado vai no sentido de um pretenso conflito entre a Rússia e a Ucrânia e, desse modo, do reconhecimento do facto consumado", sustentou Lavrov, segundo a Itar-Tass.
"Os nossos parceiros propunham que trabalhássemos a partir desta situação, criada por um golpe de Estado", acrescentou.
Até agora, a Rússia recusou-se categoricamente a reconhecer qualquer legitimidade aos novos dirigentes pró-ocidentais da Ucrânia, que ascenderam ao poder após três meses de manifestações que levaram à deposição e fuga do Presidente Viktor Ianukovich e fizeram uma centena de mortos em fevereiro.
O Kremlin sublinhou que considera Ianukovich o presidente legítimo da Ucrânia, remetendo os ocidentais para os termos de um acordo assinado a 21 de fevereiro em Kiev, que fornecia uma saída para a crise negociada com um Governo provisório e a realização de novas eleições.
Por seu lado, o ocidente, liderado pelos Estados Unidos e pela Alemanha, tem apelado nos últimos dias ao presidente russo para que aceite a criação de um grupo de contacto para solucionar a crise ucraniana.
A presidência norte-americana precisou na sexta-feira que se trata "de um grupo de contacto que conduzirá o diálogo entre a Ucrânia e a Rússia para que haja uma inversão da escalada de violência e para que seja restaurada a integridade territorial da Ucrânia".
O ocidente acusou a Rússia de um golpe de força na Crimeia, península separatista pró-russa do sul da Ucrânia que deverá votar no domingo num referendo sobre a sua reanexação à Rússia e cujo controlo escapa, neste momento, às novas autoridades de Kiev.