As autoridades, no Reino Unido, estão a trabalhar na hipótese de o camião encontrado com 39 corpos de imigrantes chineses, em Essex, ter ligações a gangues dos Balcãs. Cada uma das vítimas poderá ter pago cerca de 10 mil euros para fazer a viagem.
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O contentor com os 39 corpos foi encontrado no parque industrial de Waterglade, em Essex, Inglaterra. O camião está registado na Bulgária e entrou em território britânico, no sábado, através de Holyhead, uma cidade portuária no noroeste do País de Gales. No entanto, o contentor, onde os 39 corpos estavam, partiu da Bélgica para o Reino Unido.
Apesar de o camião - a parte da frente da composição - estar registado na Bulgária, pertence a uma empresa irlandesa. São vários pontos num vasto mapa que vai obrigar a polícia a cobrir uma série de países para perceber de onde partiram e para onde seguiam os 39 imigrantes ilegais e de origem chinesa encontrados sem vida, na passada quarta-feira.
Até ao momento, apenas há um detido, Mo Robinson, de 25 anos, o condutor do camião. Natural de Armagh, na Irlanda do Norte, continua sob custódia das autoridades e pode ser um elemento chave na investigação.
Tráfico de seres humanos e transplantes
Segundo a imprensa irlandesa, as autoridades apontam para a possibilidade de gangues dos Balcãs estarem envolvidos em mais uma tragédia com imigrantes. A crise dos refugiados fez com que espoletasse naquela região uma série de grupos envolvidos no tráfico de seres humanos.
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Em agosto de 2015, no pico da crise dos refugiados, os corpos de 71 migrantes, incluindo o de uma pequena bebé, foram encontrados num contentor, semelhante ao envolvido na tragédia de quarta-feira, mas, desta vez, na Áustria. A investigação policial concluiu que foram transportados através da rota dos Balcãs e abandonados próximos da fronteira com a Hungria, acabando por morrerem sufocados.
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Quatro homens foram detidos e condenados a 25 anos de prisão cada um. Outros dez foram identificados pelo envolvimento da morte das 71 pessoas e condenados a 12 anos de prisão.
Do Afeganistão até ao ocidente da Europa
No passado mês de setembro, as autoridades búlgaras conseguiram desmantelar uma rede organizada que recrutava pessoas numa situação económica frágil para depois venderem os órgãos. Três homens e uma mulher foram detidos pelo envolvimento nesta rede. Cada cliente pagava entre 50 e 100 mil euros por transplante.
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Em junho deste ano, a polícia búlgara pôs fim a uma das mais importantes redes de tráfico de pessoas, que operava a partir do Afeganistão. O gangue fazia entrar os migrantes, principalmente rapazes com menos de 16 anos, na Europa através da Turquia e ajudava-os a chegar à Sérvia. O ponto final no trajeto seriam os países da Europa ocidental.
Apesar de não haver um número oficial de quantas pessoas este grupo conseguiu transportar até continente europeu, as forças policiais acreditam que operava desde 2017, com transferências semanais em grupos com cerca de 40 pessoas. Cada migrante pagaria até 10 mil euros.
Oito pessoas foram detidas, incluindo dois de nacionalidade búlgara, numa das maiores operações da Europol contra gangues envolvidos no contrabando de migrantes.