Eugene Gligor, de 45 anos, confessou o homicídio de Leslie Preer, mãe da ex-namorada, em Maryland, nos EUA, em 2001. Foi uma garrafa de água que permitiu chegar ao assassino que vivia uma vida normal, até ao verão do ano passado. Esta quarta-feira, declarou-se culpado do crime em tribunal.
Corpo do artigo
Leslie Preer foi estrangulada em 2001, na cidade de Chevy Chase, no estado de Maryland, nos EUA. Mas seriam precisas mais de duas décadas até que a Polícia conseguisse chegar ao homicida.
A 18 de junho do ano passado, volvidos 23 anos, a Polícia deteve Eugene Gligor pelo assassinato violento da mãe da ex-namorada. O suspeito tinha conseguido escapar todo este tempo impune, vivendo uma vida normal. Os amigos, surpreendidos pela detenção, descrevem-no como um homem amigável, tranquilo. "É quase impossível de acreditar, o Eugene?", questionava em junho de 2024 Jordan Weiers, um ex-colega de trabalho do homicida, citado pelo jornal "Washington Post". "Ele era uma pessoa positiva, estamos todos em choque", afirmou então Joseph McDermott, também funcionário da empresa onde Gligor trabalhou entre 2018 e 2021.
Gligor tinha namorado com a filha de Leslie Preer no final dos anos 90, quando ambos eram ainda adolescentes, mas o relacionamento tinha acabado, de forma amigável.
A investigação ao crime começou na manhã de 2 de maio de 2001, quando a mulher não apareceu no trabalho, numa empresa da área da publicidade. A família foi alertada e o marido de Leslie regressou a casa, onde viu sangue seco, uma mesa caída e um tapete fora do sítio.
O relatório da Polícia, lido esta quarta-feira em tribunal, concluiu que enquanto Preer estava sozinha em casa, alguém entrou e atacou-a no hall de entrada. O agressor estrangulou-a e, de acordo com os resultados da autópsia, levou o seu corpo para o andar de cima, deixando-o dentro da banheira antes de fugir. Os investigadores recolheram sangue na casa e encontraram o ADN de um homem desconhecido, que nunca foi identificado.
ADN resolveu crime
O nome de Eugene só chegaria até à Polícia através de um novo método de investigação, que permite comparar os vestígios deixados em cenas de crime com o ADN submetido a empresas especializadas em genealogia - que traçam a nossa árvore genealógica. Os investigadores chegaram a duas mulheres, completamente inocentes, na Roménia, mas seguindo os caminhos da ancestralidade até aos dias de hoje, dois anos depois, chegaram a uma família norte-americana antiga com o apelido "Gligor". O nome de Eugene Gligor tinha sido mencionado por um vizinho no processo, e as campainhas soaram.
Sabendo que Eugene iria realizar um voo a 9 de junho de 2024 de Londres para o Aeroporto Internacional de Dulles, foi montada uma "armadilha". O homicida foi levado para uma sala ligada a processos alfandegários, onde foram colocadas várias garrafas de água à disposição do passageiro. Gligor mordeu o isco. A Polícia recolheu o seu ADN e conseguiu-o ligar aos vestígios encontrados na casa de Leslie e aos que foram encontrados debaixo das unhas da vítima.
Apesar de os advogados de Defesa terem contestado os métodos para a obtenção de provas, Gligor confessou o homicídio antes que um juiz pudesse avaliar o argumento. Enfrenta uma pena que pode chegar aos 30 anos de prisão.