A polícia dispersou este domingo à tarde com granadas de gás lacrimogéneo a multidão de milhares de pessoas que se concentrava na praça Syntagma, junto ao parlamento grego em Atenas, onde está a ser discutido o novo plano de austeridade para o país.
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Cerca de 15 mil manifestantes concentraram-se hoje junto à sede do parlamento grego, em Atenas, e outros 10 mil estão reunidos a um quilómetro de distância, nas imediações da Praça Omonia, disse a polícia local, que destacou três mil homens, avança a AFP.
Este plano e a promessa de mais austeridade que ele traz são a causa da contestações destes milhares de gregos que saem à rua para demonstrar a sua oposição ao programa imposto a Atenas pela 'troika' (Fundo Monetário Internacional e União Europeia).
Os manifestantes continuam a chegar aos locais da capital onde entre 50 mil e 100 mil pessoas se manifestaram contra o primeiro plano de austeridade em Junho e em Outubro de 2011.
Nos protestos de hoje estão sindicalistas, jovens de cabeça rapada que empunham bandeiras gregas, activistas comunistas e simpatizantes dos partidos de esquerda, muitos equipados com máscaras de gás, informa a agência noticiosa francesa.
No sábado, o comité económico e financeiro do Parlamento grego já aprovou um novo plano de austeridade que prevê, entre outras medidas, o despedimento de 15.000 funcionários públicos até ao final do ano (150.000 até 2015), uma redução de 22 por cento do salário mínimo, que deverá situar-se perto dos 500 euros, e a liberalização das leis laborais.
Hoje, diversos deputados dos partidos PASOK e Nova Democracia, os dois partidos que compõem a coligação governamental, depois da saída do LAOS na sexta-feira em desacordo com o novo pacote de austeridade, fizeram saber que se vão opor à exigência de novos esforços dos trabalhadores gregos.
Ainda assim, mesmo com a direita nacionalista (LAOS) a anunciar o voto contra (apenas dois dos 16 deputados revelaram a intenção de dar o 'sim' ao novo pacote) e com os seis deputados da Nova Democracia e os dez deputados do PASOK que disseram publicamente que não vão aprovar o acordo, apenas uma rebelião maciça dos deputados dos partidos no governo levaria ao chumbo da lei que está em cima da mesa.
E os líderes dos partidos no poder já avisaram os seus deputados que poderão vir a ser expulsos caso votem contra o acordo que está a ser debatido.
À semelhança dos avisos do primeiro ministro grego, Lucas Papademos, sobre os riscos da não aprovação do acordo, no seu discurso televisivo de sábado, Papandreou e Samaras (líderes do PASOK e da Nova Democracia, respectivamente) também alertaram para as tremendas consequências para a Grécia caso o novo plano seja rejeitado pelo Parlamento.
O novo plano grego de resgate, cuja adoção é exigida pelos credores internacionais para impedir a bancarrota e manter Atenas no euro, levou à convocação com caráter de urgência deste debate parlamentar, onde o governo de coligação socialista-conservador de Lucas Papademos detém uma maioria teórica de 236 votos em 300 possíveis.
A votação do projecto de lei está prevista para a meia-noite em Atenas (22:00 em Lisboa).