O general do Burundi que lançou um golpe de Estado ordenou o encerramento do aeroporto e das fronteiras terrestres, quando o presidente Pierre Nkurunziza tenta regressar ao país vindo da Tanzânia, de uma cimeira regional sobre a crise.
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"Ordenei o encerramento do aeroporto e fronteiras e peço a todos os cidadãos e às forças da ordem para se deslocarem para o aeroporto (da capital Bujumbura) para o proteger", declarou o general Godefroid Niyombare através da rádio privada RPA.
Quando foi anunciada a destituição do presidente e a dissolução do governo, Pierre Nkurunziza encontrava-se em Dar es Salaam para participar na cimeira dos chefes de Estado da Comunidade da África Oriental (EAC na sigla em inglês - Burundi, Ruanda, Quénia, Tanzânia, Uganda) sobre a crise no seu país, que causou cerca de 20 mortos em pouco mais de duas semanas e levou dezenas de milhares de burundianos a fugirem para os países vizinhos.
Os chefes de Estado da EAC condenaram "o golpe de Estado" anunciado pelo general Niyombare e, considerando não existirem "condições propícias" para eleições no Burundi, pediram "às autoridades burundianas para adiarem os escrutínios".
O Burundi tem eleições legislativas e municipais marcadas para 26 de maio e cuja campanha eleitoral começou no domingo, a que se seguem as presidenciais a 26 de junho.
A candidatura do presidente Nkurunziza a um terceiro mandato (foi eleito em 2005 e 2010), considerado anticonstitucional pelos opositores, deu origem à onda de contestação.
A presidência reagiu esta quarta-feiraao anúncio do golpe afirmando tratar-se de uma tentativa falhada e informando "a opinião pública nacional e internacional" de que os seus autores "estão a ser procurados por forças de defesa e segurança para que possam ser julgados".
A agência France Presse, com jornalistas em Bujumbura, disse ser impossível saber no imediato quem controla o Burundi.
Um oficial superior do grupo dos fiéis ao presidente Nkurunziza disse à AFP que estão a decorrer negociações com os militares golpistas.
O objetivo é "encontrar uma solução que preserve os interesses nacionais", referiu a mesma fonte que não quis ser identificada, adiantando que as duas partes estão "de acordo para não derramar o sangue dos burundianos".
"Todos concordamos que não haja um terceiro mandato", afirmou. "Falta determinar o modo de o fazer", acrescentou.
O general Niyombare, antigo chefe do serviço de informações do Burundi, foi demitido em fevereiro pelo chefe de Estado depois de o ter aconselhado a não se candidatar a um terceiro mandato.