O tribunal sueco condenou, esta quinta-feira, um dos responsáveis pelo genocídio no Ruanda, Stanislas Mbanenande, a prisão perpétua, quase 20 anos após o massacre. Mbanenande foi considerado culpado de ter participado em vários dos massacres que originaram cerca de 800 mil mortes.
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Stanislas Mbanenande, atualmente cidadão sueco, foi sentenciado a prisão perpétua por ter participado no genocídio do Ruanda, também conhecido como o genocídio dos 100 dias. Os vários massacres que ocorreram em 1994 tinham como principal alvo a étnia Tutsi.
O tribunal de Estocolmo, capital da Suécia, considerou que o homem de origem ruandesa, que pertencencia ao grupo extremista Hutu (maioria étnica em Ruanda na altura do genocídio) era culpado, e como tal, seria o primeiro condenado por genocídio, em toda a História sueca.
Durante o julgamento, os juízes suecos voaram até ao Ruanda para ouvir várias testemunhas. A conversa foi acompanhada pelo réu, que participou no questionário transmitido em vídeo, em tempo real.
Segundo o que os juízes conseguiram apurar, Mbanenande não só recrutou jovens ruandeses para o acompanharem nos crimes, como participou diretamente nos massacres ocorridos numa escola, numa igreja Católica, num hotel e num estádio.
"O acusado tinha um papel informal de líder e o próprio chegou a disparar contra uma multidão, com uma arma de fogo automática," conta o jornal regional sueco, "The Local", após ter acesso ao veredito do tribunal distrital.
O país que viu nascer Mbanenande, pediu a extradição do, agora, cidadão sueco. A naturalização do homem de origem africana, em 2008, permitiu a Estocolmo recusar o pedido do Ruanda.
O advogado de Mbanenande, Tomas Nilsson, garante que irá recorrer da decisão.
Já em fevereiro deste ano, a Noruega condenou um homem de origem ruandesa por arquitetar o massacre que ceifou 2 mil vidas, também no Ruanda, a 21 anos de prisão.