A Presidência da República, a Assembleia da República, o Governo e líderes políticos condenaram a "violência e desordem" em Brasília, onde apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram as sedes dos três poderes.
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"O Governo português condena as ações de violência e desordem que hoje tiveram lugar em Brasília, reiterando o seu apoio inequívoco às autoridades brasileiras na reposição da ordem e da legalidade", referiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado.
Na mesma nota, o executivo português transmite a sua "inteira solidariedade à Presidência da República do Brasil, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal, cujos edifícios foram violados nas manifestações anti-democráticas que tiveram lugar esta tarde".
Centenas de apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram hoje o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, numa manifestação em que pedem uma intervenção militar para derrubar o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma semana após a sua tomada de posse.
A polícia brasileira usou gás lacrimogéneo para tentar, sem sucesso, travar os manifestantes, que estavam concentrados no exterior do edifício.
O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, condenou o que classificou como "atos inadmissíveis e intoleráveis em democracia" protagonizados por apoiantes do ex-chefe de Estado brasileiro Jair Bolsonaro contra as sedes do poder em Brasília.
Mais tarde, o presidente Lula da Silva telefonou ao homólogo português para agradecer o apoio. "O presidente da República Federativa do Brasil, Lula da Silva, falou telefonicamente com o presidente da República, agradecendo a sua manifestação pública pela condenação e repúdio dos atos praticados em Brasília, tendo enaltecido o facto de Portugal ter sido o primeiro país a fazê-lo", lê-se numa nota da Presidência.
O presidente da Assembleia da República expressou o seu "mais veemente repúdio pelo ataque" ao Congresso do Brasil e manifestou solidariedade em particular ao Senado e Câmara dos Representantes deste país.
"Quero exprimir o mais veemente repúdio pelo ataque ao Congresso do Brasil. Toda a solidariedade às instituições democráticas brasileiras e, em particular, ao Senado e à Câmara de Representantes", escreveu Augusto Santos Silva na sua conta na rede social Twitter.
"O PS apoia o Governo de Lula da Silva, legitimamente eleito nas últimas eleições pelo povo brasileiro. O PS condena todas as ações que pretendem colocar em causa os governos democraticamente eleitos", refere uma nota deste partido.
Também o partido liderado por Luís Montenegro "condena de forma veemente os acontecimentos de hoje em Brasília".
"Para o PSD, são inaceitáveis quaisquer atos que coloquem em causa a ordem pública e o regular funcionamento das instituições democráticas. A democracia deve sempre prevalecer. O PSD faz votos para que a ordem pública seja rapidamente restabelecida", acrescentam os social-democratas em comunicado.
"A invasão dos apoiantes de Bolsonaro ao Congresso Nacional do Brasil e ao Supremo Tribunal é inaceitável. A violência e a desordem não podem ser toleradas, minam a democracia", escreveu Inês de Sousa Real.
Na sua mensagem, a deputada única do PAN acrescentou que esta ação ocorrida em Brasília, "tal como a que aconteceu nos Estados Unidos, mostra bem o perigo das forças políticas antidemocráticas".
No mesmo sentido, Rui Tavares, deputado do Livre, fez um paralelismo com o que se passou em janeiro de 2021, em Washington, quando apoiantes de Donald Trump invadiram o Capitólio dos Estados Unidos.
"A tentativa de golpe em curso em Brasília, decalcada do 6 de janeiro 2021 em Washington, é a prova de que esses nacionalistas internacionais se imitam e contam com as mesmas cumplicidades. A resposta deve ser solidariedade com os democratas brasileiros e rejeição de qualquer golpismo", escreveu Rui Tavares na sua conta no Twitter.
"Seguidores de Bolsonaro invadem e destroem o Congresso, a sede do governo e o supremo tribunal brasileiros. O mesmo ódio à democracia dos apoiantes de Trump. O tempo é de todos os perigos", escreveu igualmente Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, nesta rede social.