O ministro da Proteção Civil grego, Takis Theodorikakos, acusou, esta segunda-feira, a Turquia de comportamento "bárbaro e medieval" com os 92 refugiados nus que foram encontrados, na sexta-feira, a atravessar o rio Evros, fronteira natural que separa os dois países.
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O governante salientou no Twitter que os acontecimentos foram registados pela agência europeia de controlo de fronteiras, Frontex, e são "indiscutíveis", respondendo ao ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusolgu, que hoje rejeitou que a Turquia tenha "empurrado" os migrantes para a Grécia e acusou Atenas de tentar "caluniar" a Turquia.
Os migrantes, que foram abandonados totalmente nus, disseram à polícia grega que foram transportados para Evros em três viaturas das autoridades turcas e depois tentaram atravessar o rio em barcos de plástico.
O ministro grego da Migração, Notis Mitarakis, disse hoje que a Grécia vai levar o incidente às Nações Unidas e enfatizou que o caso colocou a Turquia numa situação "difícil".
Também hoje Theodorikakos enviou uma carta à comissária de Assuntos Internos europeia, Ylva Johansson, e aos seus homólogos dos Estados-membros, informando-os sobre o caso e enfatizando que os migrantes foram "vítimas de roubo, ferimentos, castigos corporais e tratamento que ofende a dignidade humana" por parte das autoridades turcas, segundo os seus próprios testemunhos.
A carta refere que os resgatados são 61 afegãos, três iranianos, quatro marroquinos, cinco paquistaneses e três bangladeshianos, entre os quais seis menores.
O ministro da Proteção Civil da Grécia disse ainda que a Turquia deve respeitar o direito internacional e parar de "provocar" a Grécia "de forma tão desumana".
No domingo, Theodorikakos havia denunciado uma "imagem desumana" ao indicar que 92 refugiados foram encontrados nus após terem sido forçados, segundo Atenas, a atravessar o rio Evros, que separa a Turquia da Grécia.
Uma porta-voz da Frontex, Paulina Bakula, confirmou à agência noticiosa AFP "o salvamento de 92 migrantes na sexta-feira" com a colaboração das autoridades gregas.
"Os agentes [da Frontex] referiram que os migrantes foram encontrados nus e que alguns deles tinham feridas visíveis", acrescentou em declarações em Varsóvia, sede da organização.
Atenas assegura que a Turquia obrigou estas pessoas a despirem-se antes de serem expulsas para o lado grego da fronteira.