O comando militar que desencadeou na quinta-feira um levantamento na Guiné-Bissau pediu, esta sexta-feira, aos partidos políticos, com e sem assento parlamentar, para que participem numa reunião às 17 horas (18 horas em Lisboa).
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Também o Conselho de Segurança das Nações Unidas vai reunir-se, esta sexta-feira, de emergência para reagir à violência das últimas horas na Guiné-Bissau, afirmou, esta sexta-feira, fonte diplomática da ONU.
A reunião, pedida pelo Brasil na sequência da violência de quinta-feira em Bissau, estava em risco de não se realizar devido à agenda invulgarmente cheia do Conselho de Segurança esta sexta-feira, mas fonte da missão norte-americana, que preside ao organismo, confirmou a sua realização.
A mesma fonte adiantou que é esperado um "briefing" por um representante do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em princípio do Departamento de Assuntos Políticos, acerca da situação no terreno. No final, é aguardada uma declaração condenando a violência e exigindo a reposição da ordem constitucional no país, segundo outra fonte diplomática.
À entrada para uma reunião esta sexta-feira de manhã sobre Síria e Coreia do Norte no Conselho de Segurança, o embaixador de Portugal na ONU não quis prestar declarações.
O Secretariado da ONU deverá reagir nas próximas horas aos incidentes em Bissau, tendo estado a recolher informação vinda de Bissau, onde possui um escritório, UNIOGBIS, chefiado pelo ruandês Joseph Mutaboba.
Na quinta-feira à noite, um grupo de militares guineenses atacou a residência do primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, e ocupou vários pontos estratégicos da capital da Guiné-Bissau.
A ação foi justificada esta sexta-feira, em comunicado, por um auto-denominado Comando Militar, cuja composição se desconhece, como visando defender as Forças Armadas de uma alegada agressão de militares angolanos, que teria sido autorizada pelos chefes do Estado interino e do Governo.
A mulher de Carlos Gomes Júnior disse esta sexta-feira que ele foi levado por militares na noite do ataque e encontra-se em parte incerta, bem como o Presidente interino, Raimundo Pereira.
Os acontecimentos militares na Guiné-Bissau, que antecederam o início da campanha eleitoral das presidenciais de 29 de abril, mereceram a condenação da União Africana, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e de vários países, incluindo Portugal, que exortou os autores do "golpe militar" a libertar os políticos detidos.
O Brasil preside atualmente à Comissão Para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau, junto das Nações Unidas, que esta semana esteve reunida em Nova Iorque.