Dez jovens portugueses estão retidos num hotel na segunda maior cidade do Peru, onde os conflitos associados à destituição do presidente peruano estão a impossibilitar o seu regresso a Portugal. Francisco Rodrigues dos Santos contou ao JN que o grupo se deslocou por "sua conta e risco" para encontrar um refúgio seguro no país.
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Francisco Rodrigues dos Santos, de 24 anos, é um dos dez jovens portugueses que está retido num hotel em Arequipa, a cerca de 1200 km da capital do Peru, Lima. O estudante viajou com mais seis colegas do curso de medicina da Universidade de Coimbra, para assinalar o fim dos seis anos de curso. Começaram por uma viagem no Rio de Janeiro, no Brasil, e a 5 de dezembro chegaram ao Peru. "Entre esse dia e 10 de dezembro, correu tudo bem", conta ao JN. Na mesma unidade hoteleira, o grupo encontrou mais três portuguesas, também retidas no país.
Os protestos relacionados com a destituição de Pedro Castillo, acusado de tentativa de golpe de Estado, mergulharam o Peru numa crise política. "Tudo começou a piorar desde dia 11", altura em que o grupo de sete jovens ficou retido num autocarro, em pleno deserto, durante 50 horas, numa deslocação pelo interior do país. A subida ao poder da vice-presidente de Castillo, Dina Boluarte, acelerou o descontentamento de milhares de peruanos, que pedem agora a marcação de eleições antecipadas.
Com várias estradas bloqueadas e com os acessos cortados às principais cidades, o grupo conseguiu chegar a Arequipa: primeiro a pé, onde tiveram "uma refeição quente" numa aldeia, e depois pagando viagens de carro a taxistas, que "eram também manifestantes". "Os peruanos têm estado muito calmos e até nos pedem desculpa", conta Francisco. "Não sabemos, neste momento, se vamos passar o Natal a casa".
O grupo de dez portugueses (com as três portuguesas que encontraram no hotel) está acompanhado por outros turistas europeus, que se têm mantido todos juntos "por sua conta e risco". Os jovens estão em contacto com a embaixada portuguesa no Peru e com o Ministério dos Negócios Estrangeiros português, mas Francisco Rodrigues dos Santos assume estar preocupado com os próximos dias, nomeadamente com a possível escalada da violência e a falta de dinheiro para a estadia e a remarcação dos voos.