Após a destruição provocada pelo tornado em Oklahoma, nos EUA, agora é tempo de recuperar pertences e reconstruir. Por todo o lado, os habitantes de Moore procuram o que resta das suas casas e dos seus haveres. Contudo, ainda há muitas zonas cujo acesso não é permitido por apresentarem riscos para a segurança da população.
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Curtis Carver pretende reconstruir a casa que perdeu no tornado mortal que devastou, na segunda-feira, Moore, um subúrbio de Oklahoma. Por enquanto, o que mais deseja este trabalhador da construção civil, que serviu na Marinha durante mais de 20 anos, incluindo dois no Iraque, é recuperar as memórias dos escombros. E as autoridades impedem-no de o fazer.
"As minhas fotografias. Tudo o que eu quero são as minhas fotos", exclamou Curtis Carver, contendo a ira frente a uma barreira policial, onde um agente da autoridade recusa, educadamente, mas com firmeza, o acesso à área do desastre.
Alguns habitantes, capazes de provar que viviam ali, podem retornar rapidamente para as suas casas. Recuperam tudo o que podem, levando para os carros estacionados a poucos quilómetros do local sacos e malas de todos os tamanhos.
Acesso interdito
Mas a casa de Carver, localizada perto da Avenida Santa Fé, encontra-se numa zona de acesso ainda interdito por ser considerada uma área muito perigosa. Mesmo assim, conseguiu avistar a casa ou aquilo que resta dela.
"Era a minha casa, a casa dos meus filhos", lamenta o pai de 38 anos de idade, vestindo uma jaqueta de padrão camuflado sobre uma T-shirt com as palavras "Oklahoma". "Agora tudo se foi, não há mais nada que um conjunto de paus ... e eles impedem-me de ir lá."
"Estava mesmo no meio" do tornado que percorreu 27 quilómetros, destruindo tudo pelo caminho, e que matou pelo menos 24 pessoas, incluindo várias crianças. "Mesmo no alvo", acrescenta.
O filho de 10 anos de idade e a filha de 6 anos tiveram a sorte de escapar do desastre, porque a tia-avó os tinha levado ao médico. Ele próprio estava no trabalho em Tulsa, duas horas de carro a partir de Moore.
T udo foi pulverizado
O poder devastador deste tornado foi incrível. Tudo foi pulverizado, restos de madeira espalhados por toda parte, por entre pequenos pedaços de painéis de isolamento que não medem mais de 30 centímetros.
Aqui e ali, objetos pessoais que descrevem a vida antes: uma bicicleta, um taco de beisebol, uma bola de golfe, um CD de músicas de Natal, o nome Kim escrito em caneta de feltro, uma peruca preta ... .
Os carros e camiões que escaparam do tornado e não foram levantados do chão como brinquedos por redemoinhos de vento foram cobertos com lama de cor vermelha escuro e ficaram danificados pelo granizo.
Na Avenida Santa Fé, os postes elétricos derrubados por ventos que atingiram os 360 quilómetros por hora foram deitados ao chão como soldados caídos na guerra. Os transeuntes andam na ponta dos pés, evitando os cabos que já não transportam energia.
As árvores que resistiram na paisagem urbana de Moore estão decapitadas.
"É uma zona de guerra", assegura Carver, um ex-sargento da unidade de engenharia implantada em Fallujah, no Iraque, onde os militares dos EUA haviam recuperado o controlo depois de combates sangrentos. "Mesmo que o solo não tenha sido perfurado pelo impacto de uma bomba, ainda assim é uma zona de guerra", assegurou.
Um voluntário diz que ajudou os moradores a desenterrar documentos oficiais, tais como passaportes e declarações fiscais, mas também cromos colecionáveis da Guerra das Estrelas ou moedas antigas.
As vítimas apressam-se a recuperar as roupas. Os armários estão feitos em pedaços, mas as roupas que continham permanecem ainda intactas.