Donald Trump quer nova "frente" na guerra à Covid-19, que já matou quase 36 mil norte-americanos.
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Os Estados Unidos enfrentam uma hecatombe com a pandemia de Covid-19, com o maior número de mortos (quase 36 mil) e de infetados (mais de 690 mil) do Mundo, mas o presidente continua apostado em "reabrir" o país, apelando à "libertação" de vários estados.
"De acordo com os dados mais recentes, a nossa equipa de especialistas concorda agora que podemos iniciar uma nova frente nesta guerra, que chamamos "reabertura dos Estados Unidos"", declarou Donald Trump, anteontem à noite, ao anunciar um plano para "restaurar a vida económica".
No entanto, o principal conselheiro da Casa Branca para a gestão da crise, o infeciologista Anthony Fauci, advertiu: "Se houver alguma recaída, talvez tenhamos de voltar".
Trump alega que manter as restrições "não é uma solução sustentável a longo prazo". Desde 22 de março, há 22 milhões de desempregados pedindo apoio e o Fundo Monetário Internacional prevê um recuo do produto interno bruto de 5,9%. E há eleições presidenciais em novembro.
O presidente disse que o seu plano será um "cuidadoso processo passo a passo" e que respeita os governadores que necessitem de manter os seus estados "fechados" (Nova Iorque continua em quarentena até 15 de maio).
Mas ontem incitou apoiantes que protestam nos estados democratas a prosseguirem a contestação às restrições. "Libertem Minnesota!", "Libertem Michigan!", "Libertem Virgínia!", exortou do habitual púlpito gigante - o Twitter.
O plano de "reabertura" prevê três fases, a cumprir conforme a trajetória descendente do número de casos em cada estado. Na primeira, a permanência em casa das pessoas vulneráveis, o distanciamento físico e a reabertura de teatros, recintos desportivos e igrejas, desde que assegurada a distância física.
Na segunda, poderá haver ajuntamentos até 50 pessoas, com precauções, e podem ser retomadas as viagens. A terceira será a normalidade, com o foco na identificação e isolamento de novas infeções.
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Bolsonaro tenta levar o país "ao matadouro"
O ex-presidente do Brasil Lula da Silva defende que "vai ser necessário um impeachment" contra Jair Bolsonaro. Ao "destruir" o distanciamento social e ao demitir o ministro da Saúde, "o líder troglodita arrisca repetir as cenas devastadoras que acontecem no Equador", disse ao diário britânico "The Guardian". Se "continua a cometer crimes de responsabilidade e tentando levar a sociedade ao matadouro - que é o que ele está a fazer - as instituições vão ter de encontrar uma saída", avisou. E Bolsonaro mostrou que pretende manter a sua linha, defendendo, na posse do novo ministro da Saúde, Nelson Teich, a reabertura das fronteiras com o Uruguai e o Paraguai e do comércio. Teich não anunciou as suas propostas para a Covid-19, mas Bolsonaro avisou-o de que as medidas têm de ter presente os interesses da economia e passar pelo crivo da Casa Civil do presidente.