<p>Da mais sangrenta das tragédias surgem sempre histórias de salvamentos milagrosos, improváveis e espectaculares. Relatos de esperança a meio de uma tragédia de proporções inimagináveis.</p>
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Uma menina de 15 anos, que ficou 18 horas soterrada nos escombros da sua casa na capital haitiana, foi encontrada, com vida, pelos familiares. Os pais e o irmão não desistiram de a procurar sobre o amontoado de pedras e pó a que a casa ficou reduzida. Clamaram toda a noite e não pararam quando o dia amanheceu.
Foi o irmão quem distingiu, entre todos os gritos da tragédia, a sua voz. Guiado pelo som, descobriu o pé da menina. A esperança renovou-se e a impotência perante os pesados destroços transformou-se em desespero. Cavaram com as mãos, sem pás ou quaisquer equipamentos, com a fúria que só conhece quem luta pela vida. E a vida surgiu. A menina estava faminta e cansada, mas sem ferimentos. E até disse: "Não tive medo, ouvia as vozes dos meus familiares e vizinhos".
Se o recurso às tecnologias de informação, como a internet e as suas redes sociais, foram recursos poderosos na divulgação, em tempo real, da tragédia que se vive no Haiti, os telemóveis permitiram salvar vidas.
Uma diplomata canadiana, engolido pelo entulho, conseguiu accionar ajuda através de uma mensagem de texto (SMS) que enviou para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Otawa. As autoridades canadianas mobilizaram rapidamente meios para a resgatar. "Está a salvo", assegurou o ministro Lawrence Cannon's.
Do edifício das Nações Unidas, foi resgatado, também com vida, um funcionário. Foi preciso o esforço concertado de uma equipa de salvamento de 15 homens, enviada dos EUA para o Haiti. Em pânico com o sismo, uma grávida entrou em trabalho de parto e foi assistida por capacetes azuis brasileiros. "Tivemos de fazer o parto numa garagem. A criança está bem, mas a mãe corre risco de morrer de uma hemorragia", contou um militar .