O Irão anunciou hoje, domingo, a possibilidade de vir a produzir urânio enriquecido a 20 por cento e de construir dez novas fábricas para esse fim, dois dias após a adopção pela AIEA de uma resolução que condena Teerão pelo seu controverso programa nuclear.
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O governo iraniano vai estudar o assunto durante a sua reunião de quarta-feira, declarou o presidente Mahmud Ahmadinejad, citado pela televisão pública.
O Irão ordenou hoje, domingo, à sua Agência da Energia Atómica que inicie a construção das novas fábricas em cinco locais já escolhidos e começar a identificar sítios para as restantes cinco, ainda de acordo com a televisão oficial.
Este anúncio surge imediatamente após o parlamento nacional ter exprimido a vontade de ver o Irão reduzir a sua cooperação com a Agência Internacional da Energia Atómica.
Adoptada na sexta-feira, a resolução da AIEA pede a "suspensão" da construção da nova fábrica de enriquecimento de urânio em Fordo (centro), cuja existência só foi revelada à comunidade internacional em Setembro passado.
O embaixador do Irão junto da agência atómica das Nações Unidas, Ali Asghar Soltanieh, já tinha afirmado no sábado que o seu país poderia limitar a sua cooperação com a AIEA e cingir-se exclusivamente às disposições do Tratado de não proliferação (TNP), de que o Irão é signatário.
O presidente do parlamento iraniano, Ali Larijani, denunciou este domingo a adopção da resolução que condena Teerão pela sua política nuclear.
Num discurso no parlamento, Larijani classificou a resolução como "chantagem política".
"O parlamento iraniano adverte os Estados Unidos e os outros membros do grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança mais a Alemanha) para não acreditarem que o agravamento das sanções lhe venha trazer vantagem negocial", disse Larijani.
A resolução adoptada pela AIEA com larga maioria dos seus 35 membros (25 votos a favor, três contra e sete abstenções) condena Teerão pelo seu controverso programa nuclear.
"Vamos acompanhar com todo o cuidado as vossas próximas iniciativas e adoptaremos uma nova atitude a vosso respeito se não abandonarem esta política ridícula", disse o presidente do parlamento iraniano.
A resolução da AIEA surge um mês após a apresentação de uma proposta ao Irão no sentido de trocar o seu urânio ligeiramente enriquecido (3,5 por cento) por combustível nuclear melhorado produzido na Rússia ou na França, oferta que Teerão recusou.
As grandes potências acreditam que o Irão procura dotar-se da arma atómica, enquanto que Teerão reitera que o seu programa nuclear é exclusivamente de carácter civil.