O Irão cortou o acesso à internet após os protestos contra o aumento do preço da gasolina, que provocaram fortes confrontos entre manifestantes e forças de segurança.
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Conforme constatou a agência Efe, e confirmaram cidadãos de diferentes partes do país, o acesso à Internet continua cortado este domingo, tanto em Teerão como em outras cidades.
Não querem que o mundo veja o que está a acontecer
"Estamos praticamente incomunicáveis", diz Ali, de 28 anos, da cidade de Jorramshahr, que acredita que "a medida foi tomada para impedir o envio de imagens dos protestos".E acrescenta: "Não querem que o mundo veja o que está a acontecer no país".
Maryam, 45 anos, de Bandar Abas, queixa-se de não poder seguir as notícias: "Além disso, sou tradutora e o meu trabalho depende da Internet, eles paralisaram a minha vida, nem tão pouco consegui fazer uma transferência bancária, é insuportável".
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O site "netblocks" que monitoriza a interrupção da Internet em todo o mundo informou que "as maiores operadoras de redes móveis do Irão, como MCI, Rightel e IranCell, foram desligadas no sábado às 18 horas (14.30 horas de Portugal continental).
Mais tarde, informou que a partir das 22.15 horas locais a Internet foi quase completamente bloqueada e que apenas 7% estão conectados.
As forças de segurança irão enfrentá-los
No sábado, o ministro iraniano do Interior, Abdolreza Rahmaní Fazlí, numa primeira reação aos protestos, advertiu os manifestantes de que se continuarem a ocupar as ruas, enfrentarão as forças de segurança.
"Até agora, têm sido tolerados, mas já foi decidido que se continuarem, as forças de segurança irão enfrentá-los", disse Rahmaní Fazlí à imprensa local.
Quarenta pessoas foram presas na cidade de Yazd, no centro do Irão, na sequência de confrontos com a polícia, informou a agência semi-oficial Isna.
Os detidos são "desordeiros", acusados de vandalismo e a maioria deles não são da região, disse o procurador provincial Mohammad Hadadzadeh, citado pela Isna.
O líder supremo do Irão manifestou apoio à decisão do Governo de aumentar os preços da gasolina e apelidou alguns dos manifestantes de "bandidos" ajudados pelos inimigos do país, segundo a televisão estatal.
Os protestos começaram na sexta-feira por causa do aumento dos preços da gasolina e estenderam-se a todo o país, com slogans políticos contra o governo e o sistema, o que provocou duras reações por parte das forças de segurança.
De acordo com dados não oficiais, pelo menos uma dúzia de pessoas perderam a vida durante os confrontos com as forças de segurança, embora os meios de comunicação oficiais tenham confirmado apenas uma morte na cidade de Sirjan. Este domingo foi anunciada a morte de um polícia.