A morte de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah assassinado pelo exército de Israel num ataque na sexta-feira, em Beirute, no Líbano, adensou a tensão no Médio Oriente. O ministro da Defesa israelita afirma que "nenhum lugar é longe demais", depois de novos ataques no Líbano e no Iémen.
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"A nossa mensagem é clara: para nós, nenhum lugar é longe demais". A garantia foi deixada este domingo pelo ministro da Defesa de Israel, após ter expandido o confronto no Médio Oriente e ter atacado o porto da cidade portuária de Hodeidah, no Iémen, e de ter anunciado a morte de Nabil Qaouk, dirigente do Hezbollah apontado como sucessor de Hassan Nasrallah, líder do gru po xiita que morreu num ataque aéreo na sexta-feira em Beirute, no Líbano.
No Irão, na Jordânia e na Cisjordânia, as manifestações contra o assassinato de Nasrallah multiplicam-se e o chefe da diplomacia iraniana advertiu que "todas as possibilidades estão em aberto" no conflito com Israel. "Todos reconhecem o perigo de uma guerra na região. Todas as possibilidades estão abertas neste momento", afirmou Abbas Araghchi a partir de Nova Iorque, onde se reuniu com o secretário-geral da ONU, António Guterres, a quem pediu que seja "a voz da comunidade internacional".
O ministro iraniano garantiu que a morte do líder do Hezbollah "não enfraquece a resistência" e assegurou que o Irão, o chamado "eixo da resistência" contra Israel, que inclui o Hezbollah, o Hamas palestiniano e os houthis do Iémen, continuará a "apoiar fortemente o Líbano".
Fortes explosões no Iémen
Este domingo, dezenas de aeronaves israelitas, incluindo caças F-15, atingiram uma dezena de alvos no Iémen, em retaliação pelos ataques com mísseis dos houthis contra Israel dos últimos dias. A operação atingiu centrais elétricas e o porto de Hodeidah, no Mar Vermelho, onde foi ouvida uma enorme explosão, segundo a BBC.
O ataque no Iémen seguiu-se a vários outros durante o dia contra diversos locais do Líbano, de Beirute ao Vale de Bekaa, realizados com o objetivo de continuar a destruir as mais altas figuras do Hezbollah. De acordo com o exército israelita, o ataque que vitimou Nasrallah foi preparado durante meses e matou ainda 20 operacionais do movimento xiita, que estavam com o líder "no quartel-general subterrâneo de Beirute, situado debaixo de edifícios", onde foram lançadas mais de 80 bombas.
O Ministério da Saúde do Líbano informou também que 32 pessoas morreram e outras 47 ficaram feridas num ataque na região de Baalbek-Hermel, no leste do Vale do Bekaa, e pelo menos 17 pessoas da mesma família morreram após ataques aéreos em Zboud, na mesma região. Mais quatro morreram num ataque contra Joub Jenin na área de Bekaa, segundo a mesma fonte.
O primeiro-ministro do Líbano defendeu que a diplomacia é a única saída para os ataques sem precedentes, ao mesmo tempo que o exército anunciou que está a tomar "medidas de segurança necessárias" para "cumprir o seu dever nacional de preservar a paz civil".
Mantendo a pressão militar contra o Hezbollah, a quem infligiu um golpe devastador, Israel declarou
ter atacado "dezenas de alvos terroristas" em redutos do movimento xiita. O Papa Francisco criticou o uso "imoral" da força no Líbano e em Gaza, numa tentativa de apelo à moderação por parte de Israel, afirmando que, "mesmo na guerra", há uma moralidade a defender".