O Ministro da Defesa israelita, Israel Katz, disse esta quarta-feira que o Chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (IDF) tem o direito de expressar opinião, mas deve "executar com determinação" as decisões políticas do governo.
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"É direito e dever do Chefe do Estado-Maior expressar a sua posição nos fóruns apropriados", escreveu Israel Katz, na rede social X, a propósito da próxima fase da guerra na Faixa de Gaza.
Mas para o governante é também claro que depois as decisões políticas do Governo devem ser executadas. "Depois que as decisões forem tomadas em nível político, o exército as executará com determinação e profissionalismo (...) até que os objetivos da guerra sejam alcançados", sublinhou Katz, na mesma publicação.
Estas declarações acontecem um dia após uma reunião de cerca de três horas entre o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o chefe das forças armadas, Eyal Zamir.
O encontro sucede depois de a imprensa israelita ter noticiado a oposição do líder militar aos planos do Governo para uma ocupação completa da Faixa de Gaza, onde permanecem cerca de 50 reféns israelitas, 20 dos quais vivos.
Na reunião com o chefe das forças armadas, que teve também a participação de Israel Katz e do ministro dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, que lidera a equipa de negociação com os mediadores para um acordo de cessar-fogo com o Hamas, foram discutidas opções para a continuação da campanha militar na Faixa de Gaza.
Katz insistiu que a derrota do grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza e a criação de condições para o regresso dos reféns são "os principais objetivos da guerra" no território e que cabe ao Exército cumprir as instruções do executivo para os alcançar.
De acordo com um alto responsável israelita que informou os meios de comunicação social hebraicos na segunda-feira, Netanyahu pretende propor ao gabinete de segurança, que toma decisões sobre a ofensiva na Faixa de Gaza, "a continuação dos combates e a sua expansão para áreas onde há receio de reféns", além da "ocupação total" do enclave.
No entanto, o primeiro-ministro enfrenta resistências no Exército, que está relutante em operar em locais onde há reféns, temendo que as milícias palestinianas os executem com o avanço das tropas (como já aconteceu no final de agosto de 2024 com seis pessoas em cativeiro, encontradas em 01 de setembro).
Além das dúvidas dos militares, o tema também parece provocar divisões no Governo e o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar, expressou apoio a Zamir nas redes sociais.
Habitantes de Gaza com ordem de deslocação para sul
"Aviso a todos aqueles que ainda não saíram das áreas no bairro Zeitun: como já foi anunciado, o exército continua a intensificar as suas operações para oeste; para sua segurança desloque-se imediatamente para sul, em direção a Al Mawasi", lê-se numa publicação do porta-voz do exército, Avichay Adraee, nas redes sociais, partilhada pelas 6 horas desta quarta-feira.
De acordo com o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), cerca de 425 mil pessoas estão amontoadas em Al Mawasi, onde vivem em tendas sem acesso a eletricidade ou água potável.
A OCHA também denuncia que mais de 88% da Faixa de Gaza está submetida a ordens de deslocamento forçado ou convertida em área militarizada do exército israelita.