Ministro israelita anuncia reconstrução de colonato abandonado em 2005 na Cisjordânia
O ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich (extrema-direita), anunciou que o colonato de Sa-Nur, na Cisjordânia, será reconstruído após ter sido abandonado em 2005.
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"Estamos a reparar a expulsão", disse Smotrich, acompanhado por famílias que se preparavam para mudar-se para as ruínas do território palestiniano ocupado.
Em maio, o governo israelita decidiu desenvolver 22 novos colonatos na Cisjordânia ocupada, incluindo Sa-Nur, uma decisão proposta por Smotrich, que dirige o partido de extrema-direita Sionismo Religioso.
"Na altura já sabíamos que, mesmo com a expulsão, um dia voltaríamos a todos os locais de onde tínhamos sido expulsos, isso aplica-se a Gaza e aplica-se ainda mais aqui", acrescentou o ministro.
Smotrich, através de um comunicado, sublinhou que Israel está a "levar a cabo uma revolução em matéria de colonatos e de segurança na Judeia-Samaria [designação israelita da Cisjordânia] como há décadas não se via".
Dois dos 22 colonatos anunciados, Homesh e Sa-Nur, ambos situados no norte da Cisjordânia, são de facto reinstalações, uma vez que tinham sido evacuados em 2005 no âmbito da retirada unilateral de Israel da Faixa de Gaza decidida pelo então primeiro-ministro Ariel Sharon.
O povoamento da Cisjordânia tem prosseguido sob todos os governos israelitas, de esquerda e de direita, desde que o território foi conquistado na guerra de 1967, e intensificou-se claramente sob o atual executivo de Benjamin Netanyahu, em particular desde o início da guerra desencadeada a 7 de outubro de 2023 após o ataque do Hamas a Israel.
Os colonatos são ilegais à luz do direito internacional.
Smotrich, juntamente com o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, foram considerados "personae non gratae" em dois países europeus, nomeadamente nos Países Baixos e na Eslovénia, por fazerem "declarações genocidas" acerca da ofensiva na Faixa de Gaza.
O ministro das Finanças esteve também entre os que promoveram uma reunião pública no parlamento, em Jerusalém, para discutir um plano que visa transformar a Faixa de Gaza numa "Riviera do Médio Oriente".
A retaliação de Israel após os ataques do Hamas que resultaram cerca de 1200 mortos, em outubro de 2023, já provocou mais de 61 mil mortos na Faixa de Gaza, de acordo com o Ministério de Saúde palestiniano, controlado pelo Hamas, números considerados fiáveis pelas Nações Unidas.