
Israel já lançou dois bombardeamentos massivos contra Gaza, após acusar o Hamas de violar as tréguas
Foto: Mohammed Saber / EPA
O Exército israelita bombardeou a Faixa de Gaza novamente este sábado, após confirmar que os três corpos recebidos na sexta-feira não pertenciam a nenhum dos reféns capturados pelo Hamas a 7 de outubro de 2023.
Segundo uma fonte do movimento islamita palestiniano, disparos e ataques aéreos do Exército israelita foram ouvidos nos arredores de Khan Yunis, na parte sul do território, neste sábado.
Um frágil cessar-fogo entre Israel e o Hamas está em vigor desde 10 de outubro, graças a um acordo de tréguas impulsionado pelos Estados Unidos.
Israel, no entanto, já lançou dois bombardeamentos massivos contra Gaza, após acusar o movimento islamita de violar o cessar-fogo.
"A vida não tem sentido", disse Sumaya Dalul, de 27 anos, após os últimos ataques. "Não temos dinheiro, trabalho, comida, água, eletricidade ou Internet", acrescentou a mulher, que mora em Gaza com os pais.
Os ataques aéreos de 19 de outubro mataram pelo menos 45 pessoas ao longo da faixa costeira, segundo fontes palestinianas. Os bombardeamentos de terça-feira deixaram 104 mortos.
Corpos não são de reféns
O acordo de cessar-fogo estipulava a devolução de todos os reféns - vivos e mortos - a Israel em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinianos.
Após a implementação das tréguas, o Hamas libertou os últimos 20 reféns sobreviventes mantidos em cativeiro em Gaza, no dia 13 de outubro, e iniciou o processo de devolução dos corpos dos reféns mortos.
No entanto, sucessivos atrasos na entrega dos corpos irritaram o governo israelita, que acusou o Hamas de violar o acordo de cessar-fogo. As famílias dos reféns também exigiram medidas para forçar o grupo palestiniano a cumprir o acordo.
O movimento islamita já devolveu os restos mortais de 17 dos 28 reféns mortos que concordou em entregar em virtude do acordo. Dez corpos de reféns sequestrados em 7 de outubro permanecem em Gaza, assim como o de um soldado morto durante uma guerra em 2014.
Este sábado de manhã, um laboratório forense confirmou que os três corpos entregues na sexta-feira pelo Hamas, através da Cruz Vermelha, não pertenciam aos reféns, segundo um porta-voz do Exército israelita.
As Brigadas al-Qassam, o braço armado do Hamas, explicaram num comunicado que "propuseram entregar [a Israel] três amostras de um certo número de restos mortais não identificados". No entanto, "o inimigo recusou-se a aceitar as amostras e exigiu os corpos para examiná-los".
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Disparos em Khan Yunis
Em Gaza, a situação humanitária e de segurança continua alarmante.
"Ontem à noite ouvi disparos das forças de ocupação várias vezes. Não temos comida nem água para beber ou para nos lavar. A situação é crítica. O cessar-fogo começou, mas a guerra não acabou", disse Hisham al-Bardai, um pai de 37 anos, à AFP.
O acordo de cessar-fogo prevê a mobilização de uma força internacional de estabilização no território palestiniano, composta principalmente por países árabes e muçulmanos, para supervisionar a segurança durante a retirada do Exército israelita.
Essa força também tem a missão de treinar e apoiar polícias palestinianos com a assistência do Egito e da Jordânia, além de garantir a segurança das áreas de fronteira e impedir o contrabando de armas para o Hamas.
Este sábado, o Comando Militar dos Estados Unidos para o Médio Oriente (Centcom) anunciou que o Centro de Coordenação Militar-Civil (CMCC, responsável por monitorar o cessar-fogo e preparar a transição em Gaza) "observou suspeitos de serem agentes do Hamas a saquear um camião de ajuda humanitária" que fazia parte de um comboio humanitário com destino ao norte de Khan Yunis.
A Turquia vai acolher uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros de vários países muçulmanos, em Istambul, na segunda-feira, para apoiar e desenvolver o plano dos Estados Unidos para Gaza.
A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1221 pessoas do lado israelita, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Os combatentes também sequestraram 250 pessoas.
A ofensiva israelita de retaliação deixou 68.858 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas.
