Israel bombardeia por três vezes universidade em Gaza usada como refúgio de civis
O Exército israelita bombardeou hoje, por três vezes, a torre Al Madina Al Manawara, no complexo da Universidade Islâmica, em Gaza, a última das quais quando alguns residentes entraram para tentar salvar os seus pertences.
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Segundo fontes locais ouvidas pela agência noticiosa espanhola Efe, as forças israelitas bombardearam por duas vezes o edifício, usado como refúgio por palestinianos deslocados.
Após esses dois ataques, parte dos palestinianos entrou para retirar alguns dos seus pertences, tendo a torre sido, depois, atingida por um terceiro projétil.
Segundo a agência Sanad, ligada ao grupo Hamas, pelo menos nove pessoas ficaram feridas nos ataques, mas vários órgãos de comunicação e jornalistas palestinianos alertam para a possibilidade de haver um número ainda indeterminado de pessoas presas nos escombros.
"Há pouco, o Exército atacou dois arranha-céus utilizados pela organização terrorista Hamas na zona da cidade de Gaza", disseram as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), num comunicado.
As forças israelitas dizem que os islamitas usavam as torres para recolher informações e estabelecer postos de observação sobre as tropas, assim como para preparar ataques contra elas.
"Antes dos ataques, foram tomadas medidas para mitigar os danos aos civis, incluindo avisos prévios à população, uso de munições de precisão, vigilância aérea e informações adicionais", apontaram.
Esta é uma alegação repetida pelas forças israelitas quando ataca locais protegidos pelo direito internacional, como hospitais ou escolas.
A torre Al Madina Al Manawara é uma das duas torres referidas no comunicado das IDF, sendo a segunda Al Muhanna, a oeste de Gaza.
Vídeos consultados pela Efe mostram que os refugiados deslocados nesta torre atiraram os seus móveis e pertences pelas janelas do edifício, tentando salvá-las após receberem ordens de evacuação.
Israel também bombardeou e demoliu, durante a madrugada, a torre Kawthar, no bairro de Rimal.
Há mais de um mês que o Exército israelita está a lançar uma ofensiva contra a cidade de Gaza, capital da Faixa, para a ocupar, tentar resgatar os reféns israelitas que ainda ali estão, e acabar com o movimento Hamas, tendo provocado a deslocação de um milhão de pessoas que residiam na cidade.
Desde então, os bombardeamentos aumentaram contra a capital de Gaza, mas também as demolições e a destruição de qualquer tipo de infraestruturas.
A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque liderado pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez 1.200 mortos, na maioria civis, e 251 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva em grande escala no enclave palestiniano, que provocou acima de 64 mil mortos, na maioria mulheres e crianças, segundo as autoridades locais controladas pelo grupo islamita, destruiu a quase totalidade das infraestruturas do território e provocou um desastre humanitário sem precedentes na região.
Relatores de direitos humanos da ONU, organizações internacionais e um número crescente de países qualificam como genocídio a ofensiva militar israelita contra a Faixa de Gaza desde os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023.