O exército israelita confirmou hoje ter tropas no interior da cidade de Gaza, onde calcula estarem entre dois mil e três mil combatentes do Hamas, que considera ser o "principal bastião" do grupo islamita palestiniano.
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Um porta-voz militar disse que, embora as forças já estivessem a operar há várias semanas nos arredores da capital da Faixa de Gaza, durante a noite intensificaram as operações dentro da cidade, noticiou a agência espanhola EFE.
"Estamos a avançar em direção ao centro" da cidade de Gaza, afirmou o porta-voz militar, também citado pela agência France-Presse (AFP).
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O porta-voz disse que "a fase principal da ofensiva começou durante a noite".
"O exército expandiu as operações terrestres na cidade de Gaza, o principal bastião do Hamas no território palestiniano", acrescentou.
Residentes palestinianos reportaram ataques de grande intensidade sobre a cidade, pouco depois de o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ter declarado que Gaza estava a arder.
Segundo o Hospital Shifa, os bombardeamentos durante a noite em Gaza provocaram pelo menos 20 mortos, cujos corpos deram entrada naquela unidade.
"Foi uma noite muito dura", descreveu Radwan Hayder, residente em Gaza, que se encontrava abrigado nas imediações do hospital, citado pela agência de notícias norte-americana The Associated Press (AP).
Outro residente, Ahmed Ghazal, relatou à AFP "bombardeamentos massivos e incessantes" sobre a cidade de Gaza, e descreveu violentas explosões nas primeiras horas de hoje.
"Corri para a rua, até ao local de um ataque", contou.
"Três casas de um bloco residencial foram completamente arrasadas. Muitas pessoas ficaram presas sob os escombros. Conseguem ouvir-se os gritos", acrescentou.
O avanço das forças israelitas estava a decorrer de forma gradual numa cidade já marcada pela destruição de quarteirões inteiros desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em outubro de 2023.
Os residentes da maior urbe do território palestiniano que permaneciam na cidade foram novamente advertidos para abandonar a zona e deslocar-se para sul.
Segundo a ONU, cerca de um milhão de habitantes da cidade de Gaza e dos arredores têm fugido em grande número para sul, ao longo das últimas semanas.
A operação representa mais um agravamento no conflito que tem agitado todo o Médio Oriente, numa altura em que a possibilidade de um cessar-fogo parece mais distante, apesar de meses de esforços diplomáticos.
Embora o exército não tenha indicado qualquer calendário para a ofensiva, a comunicação social israelita sugeriu que poderá prolongar-se durante vários meses, segundo a AP.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, referiu-se ao início do assalto israelita à cidade de Gaza ao partir de Israel para o Qatar.
"Os israelitas começaram a realizar operações lá [na cidade de Gaza]", afirmou Rubio, citado pela AFP.
"Pensamos que temos uma janela de tempo muito curta para que um acordo de cessar-fogo possa ser alcançado com o Hamas, provavelmente alguns dias, talvez semanas", acrescentou.
Rubio tinha já prometido na segunda-feira o "apoio incondicional" dos Estados Unidos a Israel para eliminar o Hamas.
Já em Doha, declarou que os Estados Unidos preferiam uma solução diplomática para o conflito, que passaria pela desmilitarização do Hamas.
"Por vezes, quando lidamos com um grupo de selvagens como o Hamas, isso não é possível. Ainda assim, esperamos que possa acontecer", acrescentou.
A guerra atualmente em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada pela ofensiva do Hamas em território israelita em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
Quarenta e sete reféns continuam detidos em Gaza, incluindo 25 que, segundo o Exército israelita, já terão morrido.
Em retaliação, a operação israelita devastou o território palestiniano, sujeito a cerco e a escassez de bens essenciais, e já provocou mais de 64.900 mortos.
A ONU declarou a existência de fome na região, algo que Israel nega.