Israel deu um prazo de 30 dias à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) para desocupar a sede em Jerusalém Oriental, noticiou, esta quinta-feira, a imprensa israelita.
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A ordem de despejo foi dada pela Autoridade de Terras de Israel (ITA) após a aprovação de uma ação judicial intentada pelo ministro da Habitação israelita, o ultraortodoxo Yitzhak Goldknopf, noticiou o jornal The Times of Israel.
Numa carta enviada na terça-feira, a ITA disse à UNRWA que lhe deve mais de 27 milhões de shekels (cerca de sete milhões de euros) por ter operado em terrenos pertencentes a Israel “sem consentimento durante os últimos sete anos”.
A UNRWA deve “pôr imediatamente termo a qualquer utilização ilegal, destruir tudo o que foi construído em violação da lei, desocupar o terreno de qualquer pessoa ou objeto e devolvê-lo à ITA no prazo de 30 dias a contar da data da carta”.
“Em caso de incumprimento, a ITA reserva-se o direito de reagir com todos os meios legais, suportando os custos daí decorrentes. Não será feita mais nenhuma advertência”, acrescenta na carta, segundo a agência espanhola EFE.
De acordo com a imprensa israelita, a ITA fechou os olhos, durante anos, à violação pela UNRWA dos termos do contrato de arrendamento do terreno.
A situação mudou depois da guerra na Faixa de Gaza e da acusação israelita de que vários dos funcionários da agência da ONU estiveram envolvidos nos atentados de 7 de outubro.
Goldknopf, dirigente do partido ultraortodoxo United Torah Judaism, acusou a UNRWA de ter “atuado ao serviço do Hamas e até de ter participado no brutal massacre de 7 de outubro”, que deu origem à ofensiva israelita em Gaza.
Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, a UNRWA tem estado na mira de Israel, que acusou uma dúzia de funcionários da agência de envolvimento nos ataques do Hamas de 7 de outubro.
Israel alegou que mais de duas centenas de funcionários da agência têm ligações aos islamitas do Hamas e nunca escondeu a intenção de encerrar a UNRWA.
As alegações levaram muitos países doadores a cortar o financiamento à UNRWA em janeiro, embora a maioria o tenha retomado na ausência de provas conclusivas apresentadas por Israel.
Nas últimas semanas, israelitas extremistas atacaram por diversas vezes a sede da UNRWA em Jerusalém Oriental Ocupada, obrigando a agência a encerrar temporariamente as instalações.
O Parlamento israelita aprovou na quarta-feira um projeto de lei que visa declarar a UNRWA como “grupo terrorista”, mas a imprensa local noticiou que o Governo deverá arquivar o projeto.
Criada em 1949, na sequência da fundação do Estado de Israel em 1948, a agência emprega cerca de 30 mil pessoas nos territórios palestinianos, na Jordânia, no Líbano e na Síria.
Na altura da criação, servia cerca de 750 mil pessoas, mas esse número é atualmente de 5,9 milhões de palestinianos, de acordo com dados do portal da organização.