Os participantes nos ataques de 7 de outubro de 2023 ou dirigentes palestinianos como Marwan Barghouti estão fora da lista de 1950 presos palestinianos que serão trocados por reféns, disseram fontes do Hamas.
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Também não integram a lista outros presos palestinianos, como Ahmed Sadat, Hasan Salameh e Abás al Sayed, cuja libertação foi exigida pelo Hamas ao longo de todo o processo negocial, admitiram as mesmas fontes à agência de notícias espanhola EFE.
Um porta-voz do Governo israelita confirmou que Barghouti não integra a lista. "Nesta fase, ele não fará parte dessa troca", afirmou Shosh Bedrosian, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Barghouti, 67 anos, apelidado como o "Nelson Mandela palestiniano", foi visitado em agosto pelo ministro ultranacionalista israelita Itamar Ben-Gvir na prisão onde cumpre pena, numa ação interpretada como uma provocação, considerada inaceitável pela ONU.
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Ex-líder político do partido Fatah, rival do Hamas, foi detido em 2002 por Israel durante a segunda Intifada palestiniana, acusado de alegados vínculos com um ataque que provocou cinco mortos, embora tenha sempre negado qualquer envolvimento.
Apesar dos anos passados na prisão, Barghouti mantém considerável popularidade entre os palestinianos, muitos dos quais o veem como um potencial sucessor do atual presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, Mahmoud Abbas, líder do Fatah, segundo a EFE.
Foto: Zain JAAFAR / AFP
A troca de reféns pelos presos palestinianos faz parte de um acordo alcançado na quarta-feira à noite no Egito entre o Hamas e Israel, que entrará em vigor assim que for ratificado pelo Governo israelita, que se reúne esta tarde.
Segundo uma fonte governamental israelita, após a ratificação do plano pelo Governo, o exército terá um prazo de 24 horas para se retirar até à "linha amarela" estipulada no acordo.
Uma vez concluída a retirada, inicia-se o prazo de 72 horas para a libertação dos cerca de 20 reféns israelitas ainda vivos na Faixa de Gaza, detalhou a fonte, prevendo-se que este processo ocorra no domingo ou na segunda-feira.
Como parte do plano, Israel terá de libertar 1950 prisioneiros palestinianos. Cerca de 250 foram condenados a prisão perpétua e os restantes 1700 foram detidos na Faixa de Gaza, disse à EFE um membro do comité político do Hamas.
Após o anúncio do acordo, o Hamas afirmou, em comunicado, que foi alcançado "após negociações responsáveis e sérias" sobre a proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Disse também que o acordo implica o "fim da guerra de extermínio" contra o povo palestiniano e "a retirada da ocupação da Faixa de Gaza".
A guerra em curso foi desencadeada há dois anos pelo ataque do grupo extremista Hamas em Israel, que causou cerca de 1200 mortos e 251 reféns. Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza contra o Hamas que causou já a morte de mais de 67.100 palestinianos e a destruição generalizada do enclave. Israel enfrenta acusações de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, que nega.