Uma espanhola que estava na flotilha Global Sumud permanece numa prisão de Israel, acusada de agressões a uma funcionária da cadeia, enquanto os restantes 48 foram deportados e já aterraram em Madrid, Barcelona e Bilbau.
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Israel intercetou em águas internacionais na semana passada os barcos da flotilha que pretendia chegar ao território palestiniano de Gaza com ajuda humanitária e deteve cerca de 470 pessoas, que levou para uma prisão no sul do país.
Foram detidos 49 espanhóis (a nacionalidade mais representada), confirmou o Governo de Espanha durante o passado fim de semana, depois de inicialmente ter revelado que tinha registo de 65 pessoas do país a participar na Flotilha Global Sumud.
Um primeiro grupo com 21 espanhóis foi deportado por Israel no domingo num voo com destino a Madrid e na última noite e madrugada chegaram a Espanha mais 27.
A maioria destes 27 espanhóis aterrou em Madrid, num avião militar de Espanha que foi a Atenas recolher os cidadãos do país, assim como outros de países da União Europeia, deportados na segunda-feira por Israel num voo para a Grécia.
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Em Israel permanece uma espanhola acusada de ter mordido uma funcionária da prisão para onde foram levados os membros da flotilha, disseram fontes do Governo, citadas pelos meios de comunicação social de Espanha.
"Continuamos a oferecer proteção diplomática e consular até a última espanhola estar livre", escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, José Mnauel Albares, na segunda-feira na rede social X.
À chegada a Madrid, Barcelona e Bilbau na última madrugada, os ativistas espanhóis denunciaram maus tratos por parte dos militares de Israel que intercetaram a flotilha e na prisão para onde foram levados, tal como têm dito todos os membros da flotilha já deportados para os respetivos países.
"Foi arrastada pelo cabelo e levada"
Em relação à espanhola que permanece detida em Israel, a ativista Alejandra Martínez disse aos jornalistas, à chegada a Madrid, que a viram ser levada por funcionários da prisão com "extrema violência".
"Foi arrastada pelo cabelo e levada para confinamento solitário. Não a voltámos a ver. é a única cidadã espanhola que não regressou e pedimos ao Governo de Espanha que ajude ao seu regresso a casa", afirmou Alejandra Martínez.
A Flotilha Global Sumud saiu de Barcelona, no norte de Espanha, em 31 de agosto, e pretendia chegar com ajuda humanitária ao território palestiniano da Faixa de Gaza, mas foi intercetada, na quarta e na quinta-feira da semana passada em águas internacionais por militares israelitas, que detiveram cerca de 470 pessoas que seguiam nos barcos.
"Todos os direitos legais dos participantes nesta manobra de relações públicas foram e continuarão a ser plenamente respeitados", escreveu o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) israelita na rede social X no domingo.
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Por sua vez, os advogados da equipa jurídica da flotilha alegaram no domingo à noite que os detidos sofreram agressões e violência generalizadas durante a transferência do porto para a prisão e nos primeiros dias de detenção.
A Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH) denunciou também no domingo "maus-tratos inaceitáveis" e abusos de Israel aos membros da flotilha.
Segundo a organização internacional, a maioria dos tripulantes da frota foi detida ilegalmente desde 02 de outubro na prisão de Ketziot (no sul de Israel) e sujeita a condições severas de encarceramento, que incluem violência física, assédio verbal, privação de água potável, alimentos, sono e medicamentos adequados, bem como confinamento prolongado em posições desconfortáveis e stressantes".
Tais comportamentos constituem "atos de maus-tratos e tortura de acordo com o direito internacional", alertou a federação.