O Japão executou esta terça-feira dois condenados à morte por vários homicídios ocorridos nos anos 1990, elevando para 21 o número de execuções realizadas sob o governo do primeiro-ministro conservador, Shinzo Abe.
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Os dois homens, de 44 e 69 anos, figuram como os primeiros a serem executados desde 13 de julho, altura em que a pena capital foi aplicada a outros dois condenados pelo mesmo crime.
Condenados à morte são enforcados e informados apenas poucas horas antes da execução
O primeiro dos executados desta terça-feira, Teruhiko Seki, de 44 anos, foi condenado por matar em 1992 quatro membros de uma família quando ainda era menor de idade na cidade de Ichikawa, a leste de Tóquio. Além do quádruplo homicídio, cometeu várias violações, roubos e protagonizou altercações que resultaram em vários feridos, segundo o Ministério da Justiça nipónico.
Já o outro condenado, Kiyoshi Matsui, de 69 anos, foi condenado à pena capital por matar, com um martelo, a sua noiva e os pais dela em fevereiro de 1994 na prefeitura de Gunma, no centro do país.
Ambos foram executados em Tóquio, informou a ministra da Justiça japonesa, Yoko Kamikawa, qualificando os crimes de "extremamente cruéis" e "vis".
123 condenados à pena capital no corredor da morte no Japão
Há agora 123 condenados à pena capital no corredor da morte no Japão, dos quais 94 pediram a revisão das suas sentenças, indicou Yoko Kamikawa.
O titular da pasta da Justiça é o responsável por firmar as condenações à morte no Japão, único país industrializado e democrático a par com os Estados Unidos que mantém a pena capital.
À luz da legislação nipónica, os condenados à morte são enforcados e informados apenas poucas horas antes da execução.
Esta prática é duramente criticada por organizações como a Amnistia Internacional que denunciam a carga psicológica com que se deparam os condenados que, em muitos casos, passam décadas isolados e sem saber quando é que a pena capital lhes vai ser aplicada.
A Federação de Advogados do Japão aprovou, de forma pioneira, em outubro de 2016, a adoção de uma declaração contra a pena de morte no país asiático, na qual defende que esta deve ser substituída pela prisão perpétua no ano 2020.
A ministra da Justiça japonesa defendeu, porém, que a pena capital "é um assunto relativamente ao qual cada país adota a sua própria política" e defendeu a atual situação, dado que, como argumentou, "a maioria da população é a favor da sua manutenção".