Kiev acusa Moscovo de "grave crime de guerra" em ataque contra equipa de desminagem
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andriy Sybiga, acusou esta quinta-feira Moscovo de cometer "um grave crime de guerra", após a morte de dois sapadores de desminagem num ataque russo no norte do país.
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O chefe da diplomacia de Kiev acusou os militares russos de visarem deliberadamente "trabalhadores humanitários no exercício das suas funções".
Segundo as autoridades ucranianas, o ataque com mísseis matou duas pessoas na região de Chernihiv, que foi ocupada pelas forças russas no início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
As vítimas do ataque eram funcionários ucranianos do Conselho Dinamarquês para os Refugiados (CDR), uma organização que se dedica a trabalhos de desminagem naquela região e que deu conta de outros oito colaboradores feridos.
Segundo a organização não-governamental (ONG), a sua equipa realizava "atividades humanitárias puramente civis no momento do ataque, trabalhando para remover minas e resíduos explosivos de guerra", condenando igualmente "uma grave violação do direito internacional humanitário".
No mesmo sentido, o coordenador humanitário da ONU para a Ucrânia declarou em comunicado que estava chocado com o ataque que vitimou os funcionários do CDR.
"Só este ano, antes deste ataque, pelo menos quatro trabalhadores humanitários foram mortos e 34 ficaram feridos em toda a Ucrânia", condenou Matthias Schmale, sublinhando que o Direito Internacional Humanitário prevê que os civis e aqueles que os servem "devem ser protegidos, nunca devem ser um alvo".
O Ministério da Defesa russo, por sua vez, referiu-se à "destruição de um ponto de preparação e lançamento de drones de longo alcance das Forças Armadas Ucranianas" na região de Chernihiv.
Na plataforma Telegram, o ministério russo acusou a Ucrânia de "apresentar a destruição de alvos militares legítimos (...) como uma chamada 'missão civil humanitária de remoção de minas'".
De acordo com Dmytro Bryzhynsky, chefe da administração militar da cidade de Chernihiv, o ataque ocorreu perto de um posto de controlo na entrada de Novoselivka.
De acordo com a ONU, a Ucrânia é atualmente o país com a maior área contaminada por minas terrestres e munições não detonadas do mundo.
"Os russos, primeiro plantaram a região com minas. Agora, estão a matar pessoas, civis que arriscam a vida para limpar as nossas terras", lamentou o administrador de Chernihiv, Dmytro Bryzhynsky.
As forças russas cercaram a cidade nos primeiros dias da invasão, depois de lançarem as suas tropas a partir da vizinha Bielorrússia, aliada de Moscovo, e cuja fronteira se situa a 50 quilómetros.
Na Ucrânia, várias equipas de desminagem e de desarmamento de bombas estão posicionadas no norte, sul e leste do país, onde o Exército de Kiev recuperou parte dos territórios tomados por Moscovo poucos meses após o início da invasão.