A artista cubana Tania Bruguera foi libertada, esta quarta-feira, depois de ter sido detida sob a acusação de "resistência e incitamento à ordem pública" por tentar realizar uma manifestação artística na emblemática Praça da Revolução de Havana, impedida pelas autoridades da ilha.
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Também foram libertados vários ativistas, detidos na quarta-feira por estarem envolvidos com a performance de Bruguera, como Reinaldo Escobar (jornalista), Antonio González Rodiles (da oposição) e Antonio González Rodiles (promotor de um projeto de debate crítico).
Após a sua libertação, Bruguera convocou jornalistas, na tarde de quarta-feira, para um encontro, ao qual acabaria por não comparecer porque voltou a ser levada para a esquadra, onde lhe foi comunicada a abertura de um processo de instrução, durante o qual decidir-se-á se o caso segue para julgamento.
Por isso, nos próximos 60 dias a artista cubana terá que permanecer na ilha, cujas autoridades lhe retiraram o passaporte, segundo contou Bruguera em entrevista à agência Efe.
A artista foi detida na quarta-feira, na sua residência, horas antes da performance que convocou para a Praça da Revolução.
"O governo cubano demonstrou que, se quer manter relações com os Estados Unidos e abrir-se ao mundo, muitas mudanças têm que ser feitas", afirmou a artista, referindo-se à sua detenção.
Neste sentido, a artista, com uma carreira reconhecida dentro e fora da ilha, considera que a sua performance se transformou "num processo de desmascaramento" dos "sistemas e mentiras".
A iniciativa - sem autorização oficial - previa a instalação de um microfone na célebre praça, para que qualquer pessoa pudesse falar durante um minuto, sem, contudo, "apelar para a violência, discriminação, atentados à integridade das pessoas, ações ilegais ou ações violentas que perturbem a ordem pública".
Como explicou na véspera a artista de 46 anos, que residiu nos últimos três anos em Nova Iorque, a ideia era organizar uma atividade para permitir aos cubanos darem voz às questões que os preocupam.
O porta-voz da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHR), Elizardo Sánchez, afirmou à agência noticiosa espanhola que o grupo estima em meia centena o número de detidos durante o dia de quarta-feira.
Depois de divulgadas informações sobre as detenções, os Estados Unidos manifestaram estar "profundamente preocupados" com o incidente, ocorrido apenas duas semanas depois do histórico anúncio para a normalização das relações com Havana.