Líder da NATO quer discutir com Trump ligação da Rússia a Pyongyang, Teerão e Pequim
O secretário-geral da NATO anunciou, esta quinta-feira, querer discutir com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, o reforço de laços da Rússia com a Coreia do Norte, o Irão e a China contra a Ucrânia.
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"Estou ansioso por me sentar com o presidente Trump e ver como vamos fazer para enfrentar conjuntamente esta ameaça", disse Mark Rutte à chegada à cimeira da Comunidade Política Europeia, que reúne cerca de 40 líderes em Budapeste, na Hungria, para debater "as crises" europeias, num contexto de mudanças políticas nos Estados Unidos.
"Agora que os [militares] norte-coreanos estão destacados na Rússia, vemos que cada vez mais a Coreia do Norte, o Irão, a China e, claro, a Rússia estão a colaborar e a trabalhar em conjunto contra a Ucrânia", acrescentou.
Rutte manifestou preocupação pelo facto de a Rússia ter recorrido ao apoio da Coreia do Norte em troca de fornecer tecnologia a esse país, o que, na sua opinião, "ameaça o futuro" tanto da Europa como dos Estados Unidos e dos países do Indo-Pacífico. "Estes são novos desenvolvimentos realmente perigosos e temos de falar sobre eles hoje", reiterou.
Na sua opinião, se Moscovo tivesse tido sucesso na Ucrânia, "teríamos uma Rússia encorajada" na fronteira da Europa e reforçada pela "enorme força de defesa ucraniana e pelo engenho do povo ucraniano".
"Isto seria uma ameaça não só para a Europa, mas também para os Estados Unidos. E é por isso que temos de trabalhar, em conjunto. Não só relativamente à ameaça da Rússia, mas também do facto de estes quatro países trabalharem juntos", enfatizou.
O responsável da NATO alertou ainda que, "muito em breve, os próprios Estados Unidos também estarão sob a ameaça destes últimos avanços tecnológicos graças ao facto de a Rússia ter dado os seus mais recentes conhecimentos e tecnologia à Coreia do Norte".
Rutte lembrou também que o presidente eleito dos Estados Unidos incentivou, durante o seu primeiro mandato, que todos os membros da NATO, a aliança militar entre norte-americanos e europeus, passassem a cumprir a regra de canalizar 2% do seu Produto Interno Bruto para a organização militar de defesa.
Durante o seu primeiro mandato na Casa Branca, trabalhou "muito bem com ele [quando era primeiro-ministro dos Países Baixos] porque é muito claro sobre o que quer. Entende que é preciso negociar para chegar a posições comuns. E acho que o podemos fazer", referiu.
Durante a sua campanha eleitoral, Trump ameaçou a Europa com várias intenções - desde começar uma guerra comercial até retirar os Estados Unidos dos compromissos da NATO, passando por uma mudança no apoio à Ucrânia - que podem ter um impacto significativo para todos os países do continente.
A primeira administração Trump (2017-2021) impôs tarifas sobre o aço e o alumínio da União europeia em 2018, com base na alegação de que os produtos estrangeiros, mesmo que produzidos por aliados, eram uma ameaça à segurança nacional dos EUA.
Os europeus e outros aliados retaliaram com taxas sobre as motos, o "bourbon", a manteiga de amendoim e os "jeans" fabricados nos Estados Unidos, entre outros artigos.
A cimeira da Comunidade Política Europeia é organizada pela atual presidência rotativa do Conselho da União Europeia (UE), assumida pela Hungria até ao final do ano, e vai decorrer em Budapeste em paralelo com um Conselho Europeu informal.
O anfitrião da cimeira e grande fã de Trump, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, disse hoje que já falou com o novo presidente norte-americano, anunciando haver "grandes planos para o futuro!".