Milhares de venezuelanos participaram na marcha convocada pelo líder da Oposição que, entretanto, se entregou às autoridades e foi levado para uma cadeia nos arredores de Caracas.
Corpo do artigo
"Neste momento Diosdado está conduzindo o seu carro e levando López para um cárcere nas proximidades de Caracas. Nós acabámos por cuidar da sua vida e sei que os seus pais sabem que salvámos a vida do filho", disse o presidente Nicolas Maduro.
O presidente da Venezuela falava no palácio presidencial de Miraflores, para milhares de trabalhadores da empresa estatal Petróleos de Venezuela SA, que esta terça-feira marcharam em Caracas, convocados pelo Governo, a propósito da assinatura de um novo contrato coletivo de trabalho e para demostrar apoio ao atual Chefe de Estado.
"Para que vocês vejam o que faz uma revolução para garantir a paz. Nós acabámos por cuidar da vida de Leopoldo López", disse o presidente venezuelano, sublinhando que as autoridades descobriram que "a ultradireita de Miami (EUA)", tinha contratado um grupo de "sicários" para assassinar o opositor e responsabilizar o seu Governo.
Nicolás Maduro frisou ainda que o opositor tem que responder "pelos seus apelos para a sedição e desrespeito da Constituição.
O líder do partido opositor venezuelano Vontade Popular (VP), Leopoldo López, está acusado de estar envolvido nos protestos violentos que provocaram três mortos e dezenas de feridos na semana passada.
"Este é um momento escuro, em que os delinquentes são premiados pelo Governo e os venezuelanos que querem uma mudança em paz são encarcerados (...) Hoje apresento-me perante uma justiça injusta, que não julga segundo a Constituição e as leis. Se o meu encarceramento serve para acordar o povo, valerá a pena", disse Leopoldo López ao entregar-se.
Segundo a Imprensa venezuelana, Leopoldo López é acusado por um tribunal venezuelano dos delitos de "associação, instigação para cometer delito, intimidação pública, incêndio a edifício público, danos a propriedade pública e lesões graves" e de "homicídio intencional qualificado executado por motivos fúteis e não nobres" relacionados com dois dos três mortos durante confrontos entre opositores e apoiantes do Presidente venezuelano.
Antes, o líder do VP apareceu na Praça Brión de Chacaíto, em Caracas, onde se concentraram milhares de simpatizantes que foram impedidos pela Polícia Nacional venezuelana de marchar para o acompanhar até ao Ministério do Interior e Justiça.
Garantindo que nunca deixará a Venezuela, López atravessou a praça com uma bandeira venezuelana e um ramo de flores nas mãos e dirigiu-se a agentes da Guarda Nacional (polícia militar) que o introduziram numa viatura blindada, enquanto os simpatizantes cantavam o Hino Nacional da Venezuela.
Leopoldo López tinha convocado, no domingo, os venezuelanos para o acompanharem numa marcha até ao Ministério de Relações Interiores, Justiça e Paz para "dar a cara" perante as acusações do governo.