A demissão do presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, "é inevitável", declarou hoje o líder do Partido do Poder Popular (PPP), Han Dong-hoon.
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"O exercício normal das funções do presidente é impossível nestas circunstâncias e a demissão antecipada é inevitável", disse o responsável aos jornalistas.
Momentos antes, Yoon fez uma breve declaração à nação, transmitida na televisão, na qual pediu "sinceras desculpas" pela breve imposição da lei marcial, "por ter causado preocupação e incómodo ao público", num discurso em que também disse que deixava ao seu partido a responsabilidade de "estabilizar a situação política, incluindo o seu mandato", mas não se demitiu.
O presidente sul-coreano acrescentou que ia deixar ao PPP a tarefa de adotar "medidas para estabilizar a situação política", incluindo sobre o mandato presidencial, e prometeu também que não ia tentar declarar a lei marcial uma segunda vez.
A moção de destituição, apresentada na quarta-feira pelos partidos da oposição, vai ser votada no parlamento pelas 17 horas (8 horas em Lisboa).
A chave da votação será a disciplina dos deputados do PPP de Yoon. Embora o PPP tenha aprovado a linha política de apoiar o presidente para se manter no poder, as principais vozes do partido também criticaram Yoon por ter recorrido na terça-feira a uma medida tão extrema sem justificação.
O líder do partido, Han Dong-hoon, apelou na véspera à "suspensão imediata do presidente do cargo, com vista a proteger a República da Coreia, nome oficial do país, e o seu povo.
Fortes protestos em Seul
Uma manifestação contra Yoon Suk-yeol começou hoje em Seul, em frente à Assembleia Nacional da Coreia do Sul, antes da sessão parlamentar destinada a aprovar a demissão do chefe de Estado pela aplicação da lei marcial.
O protesto, em que participam plataformas civis e políticas, bem como a Confederação Coreana de Sindicatos (KCTU), o maior grupo sindical do país, começou às 15 horas locais (6 horas em Lisboa) em frente à sede do órgão legislativo e no meio de um grande dispositivo de segurança.
Alguns dos grupos participantes, incluindo a confederação sindical, reuniram-se noutras zonas da capital antes do protesto geral e deslocaram-se para a Assembleia no que designaram por "Marcha Nacional de Vigília", que poderá prolongar-se pela tarde e pela noite, dependendo dos resultados da votação de hoje.
O protesto envolve cidadãos vindos de outras partes do país em viagens organizadas por associações civis ou grupos sindicais, enquanto no distrito de Yeouido, onde se situa a Assembleia, centenas de polícias foram destacados para evitar incidentes.
Segundo a agência noticiosa local Yonhap, um homem de 50 anos foi detido no início da manifestação depois de ter tentado fazer-se explodir junto à Assembleia Nacional e teve de ser hospitalizado, desconhecendo-se o seu estado de saúde.
Devido à grande afluência de pessoas, o operador do metro informou que os comboios não irão parar durante as próximas horas nas duas estações mais próximas do Parlamento.