
Lula da Silva e Donald Trump conversaram por telefone nesta terça-feira.
Fotos: Pablo Porciúncula e Andrew Caballero-Reynolds / AFP
O presidente brasileiro, Lula da Silva, e o homólogo norte-americano, Donald Trump, disseram que estão prontos para cooperar no combate ao crime organizado durante uma conversa telefónica realizada nesta terça-feira, informou o Palácio do Planalto. O líder da Casa Branca mencionou também uma "grande conversa" com Lula, na qual os dois também trataram de tarifas e sanções impostas pelos EUA ao Brasil.
"Gosto dele", disse Trump ao referir-se a Lula. Durante o diálogo, o chefe de Estado brasileiro sublinhou "a urgência em reforçar a cooperação com os Estados Unidos para combater o crime organizado internacional", enquanto o presidente norte-americano "ressaltou total disposição em trabalhar junto com o Brasil e que dará todo o apoio a iniciativas conjuntas" com esse objetivo, segundo o Planalto. O republicano não mencionou ter tratado desse assunto.
Lula revisou as operações recentes que o seu Governo realizou para "asfixiar financeiramente" as organizações criminosas, e mencionou ramificações que operam a partir do exterior. O Executivo brasileiro lançou nos últimos meses diversas operações contra a lavagem de dinheiro das principais organizações criminosas do Brasil, como o Primeiro Comando da Capital (PCC).
A conversa por telefone entre Lula e Trump, que durou 40 minutos, ocorre no momento em que os Estados Unidos impulsionam uma intensa campanha militar nas Caraíbas e no Pacífico para, segundo Washington, combater o tráfico de drogas. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirma, no entanto, que o objetivo norte-americano é derrubar o Governo chavista. Os ataques americanos deixaram até agora 83 mortos nos bombardeamentos de pelo menos 20 lanchas que, segundo Washington, transportavam drogas.
Há alguns dias, Lula havia manifestado preocupação com a presença militar dos EUA nas Caraíbas e disse ter a intenção de discutir o assunto com Trump. No entanto, não houve nenhuma menção à Venezuela no comunicado.
O julgamento pela tentativa de golpe de Estado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que terminou com uma condenação de 27 anos de prisão, contribuiu para um esfriar das relações entre Brasil e Estados Unidos. Trump denunciou o processo judicial como uma "caça às bruxas" contra o aliado político e respondeu impondo uma taxa alfandegária punitiva a diversos produtos do Brasil em agosto e sanções contra autoridades brasileiras.
"Como sabem, sancionei [o Brasil] por algumas coisas que aconteceram", disse Trump nesta terça-feira.
Mas, após um encontro com Lula em outubro, o republicano isentou grande parte dos produtos afetados, entre eles a carne e o café. Lula classificou nesta terça-feira a decisão como "muito positiva", mas destacou que "ainda há outros produtos tarifados que precisam ser discutidos" e disse que o Brasil "deseja avançar rápido nessas negociações".
