
O presidente do Brasil, Lula da Silva
Foto: Pablo Porciuncula / AFP
O presidente do Brasil, Lula da Silva, afirmou este domingo em Joanesburgo que o seu antecessor na presidência, Jair Bolsonaro, "cumprirá a pena determinada pela Justiça", recusando comentar a decisão do Supremo Tribunal que sábado o colocou em prisão preventiva.
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"Em primeiro lugar, não comento a decisão do Supremo Tribunal. A Justiça tomou uma decisão. Ele foi julgado, tinha todo o direito à presunção de inocência", afirmou Lula numa conferência de imprensa após o encerramento da Cimeira de Líderes do G20, que decorreu no fim de semana naquela cidade sul-africana.
E acrescentou: "Foram praticamente dois anos e meio de investigação, de negociação de acusações, de julgamento. Em outras palavras, a Justiça decidiu, está decidido. Ele cumprirá a pena que a Justiça determinou, e todo o mundo sabe o que ele fez. Portanto, não tenho mais comentários a fazer".
O presidente do Brasil também reagiu ao comentário do presidente dos EUA, Donald Trump, que classificou a prisão de Bolsonaro como "muito má" e minimizou o impacto desses factos nas relações entre o Brasil e os Estados Unidos.
"Acho que não tem nada a ver. Trump tem de perceber que somos um país soberano e que a nossa Justiça decide. E o que é decidido aqui, está decidido", concluiu Lula.
Bolsonaro foi detido preventivamente no sábado por risco "concreto" de fuga e "ameaça à ordem pública", na véspera de começar a cumprir a pena de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
O líder de extrema-direita no Brasil estava em prisão domiciliária há quase quatro meses, mas na madrugada do sábado os agentes prenderam-no e levaram-no, sem algemas e sem a presença da imprensa, para a sede da Polícia Federal em Brasília.
O ex-presidente aguardava na sua residência em Brasília que o Supremo Tribunal Federal ordenasse a execução da sentença que o declarou culpado de "liderar" um golpe após perder as eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva.
No início do mês, a Primeira Câmara do Supremo Tribunal Federal rejeitou por unanimidade os primeiros recursos de apelação, o que significava que o cumprimento da pena estava próximo.
No entanto, o juiz Alexandre de Moraes, relator do processo, antecipou-se a esse momento e decretou a sua prisão num dia pouco habitual, um sábado.
Segundo a imprensa brasileira, Bolsonaro (que foi presidente entre 2019 e 2023) ficará detido numa sala especial de cerca de 12 metros quadrados, equipada com cama, casa de banho privativa, janela, televisão, ar condicionado e um pequeno frigorífico.
