Segundo as sondagens, antigo presidente não seria eleito na primeira volta, mas lidera em todos os cenários.
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Lula é como a fénix renascida, o pássaro lendário da mitologia grega que morria em combustão mas depois renascia das suas cinzas. Após 580 dias preso devido aos processos de corrupção do Caso Lava-Jato (foi libertado em 2019) , o ex-presidente brasileiro, que é de novo candidato ao cargo nas eleições deste ano, prepara-se para limpar a eleição, segundo as sondagens, deixando Jair Bolsonaro, o presidente incumbente eleito em 2018, a grande distância.
Treze pontos separam nesta altura os dois candidatos: Lula, do Partido dos Trabalhadores (PT) e que tem amplo respaldo dos outros partidos de Esquerda, soma 44% contra 31% de Bolsonaro, que é apoiado pelo Partido Liberal, de Direita. É o que diz a sondagem, revelada anteontem, do Ipespe, instituto de estudos políticos fundado no Brasil por professores universitários e investigadores, em 1986.
Dentro da margem de erro de 3,2%, Lula perdeu 1 ponto em relação à anterior sondagem, de 22 de abril; já Bolsonaro manteve a mesma pontuação de 31%. A eleição é no dia 2 de outubro.
Pista de 10 candidatos
Com dez candidatos pré-alinhados, todos ficam muito abaixo de Lula e Bolsonaro. Em 3.º lugar, com 8%, surge o ex-ministro Ciro Gomes (Partido Democrático Trabalhista). Seguem-se: João Doria (Partido da Social Democracia Brasileira), com 3%; o deputado federal André Janones (Avante) com 2%; a senadora Simone Tebet (Movimento Democrático Brasileiro) e Felipe d"Avila (Novo), ambos com 1%. Vera Lúcia (Partido Socialista de Trabalhadores Unificado), Eymael (Democracia Cristã) e Luciano Bivar (União Brasil) não pontuaram nesta sondagem.
Lula vence três cenários
É provável que Lula não tenha maioria para vencer na primeira volta - "não é provável, mas é possível", diz-nos a investigadora do Ipespe Marcela Montenegro (ler ao lado) -, mas o "petista", nome que advém da sigla do PT, limpa tudo em três cenários no chamado segundo turno: contra Bolsonaro venceria por 54%-34%. Num cenário de embate contra Ciro Gomes, Lula esmagaria por 52%-25%; e contra Jo seriam 55% contra 19%. Noutros dois cenários, sem Lula à segunda volta, Bolsonaro só venceria contra Doria e por uma unha negra (39%-37%), perdendo se fosse contra Ciro por 45%-38%.
Atenção: faltam 5 meses
Mas, faltam cinco meses para a eleição - e Bolsonaro vai crescer. Veja-se a sondagem DataFolha de dezembro: Lula, que presidiu ao Brasil de 2003 a 2010, tinha 48% dos votos, e Bolsonaro 22%. Veja-se agora a pesquisa de abril do PoderData: Lula 41%, Bolsonaro 36%.
Dois fatores decisivos na subida de Bolsonaro foram sublinhados pela investigadora Marcela Montenegro: a desistência do ex-juiz Sérgio Moro; e o jeitinho competente do presidente para manter o país polarizado e em batalhas constantes.
Economia pesa mais
A sondagem do Ipespe mostra ainda que a inflação e a educação são os temas que mais inquietam os eleitores (23% para ambos). Somada, a economia (inflação, desemprego, miséria e salários) é a maior aflição para 46%.
APOIO A LULA
"Geringonça" foi inspirada em Portugal
O candidato do Partido dos Trabalhadores, Lula da Silva, lançou ontem oficialmente, em S. Paulo, a sua candidatura às presidenciais de 2 de outubro. O seu parceiro para candidato a vice-presidente é Geraldo Alckmin, ex-governador de S. Paulo, do Partido Socialista Brasileiro. Lula encabeça o movimento de união de esquerdas Vamos Juntos pelo Brasil, com apoio de sete partidos: PT, PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), PSB (Partido Socialista Brasileiro), PC (Partido Comunista do Brasil), PV (Partido Verde), Solidariedade, e Rede Sustentabilidade. "Fizemos um processo de diálogos programáticos inspirados na gerigonça portuguesa e no Governo de unidade espanhol", revelou o presidente do PSOL Juliano Medeiros.