O circuito Madring, a nova pista de Fórmula 1 de Madrid, cuja construção teve início em maio no bairro e distrito de Hortaleza, localizado na zona Norte da capital de Espanha, está a ser alvo de grande contestação por parte dos habitantes, unidos na "Plataforma Stop F1 Madrid".
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Com um custo estimado em 83 milhões de euros, o circuito está a ser edificado numa zona urbana tradicional, que combina a tranquilidade do bairro residencial de Hortaleza, perto do aeroporto de Barajas, com novas áreas de desenvolvimento.
A Puerta del Sol, uma das principais praças madrilenas, onde há um grande cronómetro que faz a contagem decrescente para o dia da realização do Grande Prémio de Espanha, marcado para 11 a 13 de setembro de 2026, acolhe quase diariamente manifestações dos moradores de Hortaleza e Barajas.
Foto: Teixeira Correia
Ainda que a corrida só chegue daqui a um ano, os habitantes das chamadas "barriadas" madrilenas sustentam que a construção do circuito está a afetar o seu dia-a-dia. "Os nossos bairros não são um circuito", aponta a "Plataforma Stop F1 Madrid", nos panfletos que vai distribuindo aos populares que visitam a Puerta del Sol.
A "Stop F1 Madrid" argumenta que a área vai sofrer o abate de 700 árvores e estar sujeita a mais de 95 decibéis de ruído - mil vezes mais do que o permitido pela lei estatal -, além de restrições na mobilidade dos transportes e o corte de estacionamentos e acesso às próprias habitações.
"Mais do que o custo astronómico da construção do circuito, que todos vamos pagar, está em causa a qualidade de vida de uma grande comunidade", disse ao JN Almodena Perez, moradora de Hortaleza, em plena Puerta del Sol, de bandeira de xadrez na mão, dando partida a uma fictícia corrida de Fórmula 1. "Não há certezas sobre o nosso futuro e o dos nossos filhos, por causa de uma corrida anual", apontou.
Instada a pronunciar-se sobre outros caminhos a seguir, Almodena justificou que "já entraram duas ações judiciais para suspender a construção do circuito". "Não nos vamos calar e exigiremos a defesa dos nossos direitos", apontou.
Por seu turno, Luis García Abad, diretor-geral da Madring, desvaloriza os protestos e justifica que foram realizadas reuniões mensais com os moradores. "O relacionamento é muito bom. As ruas não ficarão fechadas por cinco meses, como se dizia, apenas durante os dias do GP", garantiu o diretor do circuito.